Vale a pena abordar o efeito das cargas emocionais na saúde. Segundo a neurologista irlandesa Suzanne O’Sullivan, vencedora do prêmio literário britânico Wellcome Book Prize pela autoria do livro “It’s All in Your Head: True Stories of Imaginary Illness” (2015), há vários casos de pacientes apresentando quadros físicos problemáticos, mas que após exames, constata-se a matriz emocional geradora da “doença” – somatizações de causas psicossomáticas.
“De acordo com estudos, em outras especialidades médicas, um terço dos pacientes também apresenta sintomas de ordem psicológica”. A Dra. Suzanne cita também um estudo da Organização Mundial de Saúde – OMS, feito há alguns anos, que demonstrou que a incidência de doenças cujos “sintomas carecem de explicação médica” é praticamente idêntica em quase todos os países, independentemente de serem desenvolvidos ou em desenvolvimento e do acesso da população aos serviços de saúde.
Em seu livro, descreve o preconceito, inclusive dos próprios pacientes, ao serem informados de que o corpo está funcional e a verdadeira origem dos problemas que apresentavam é emocional. Pacientes que chegavam em cadeiras de rodas, outros com inflamações, se queixando de dores, paralisia, desmaios e convulsões. A questão é: por que mascaramos com dor, fraqueza ou mazela o que na verdade é emoção? É um fato grave que a falta de uma origem física faça a medicina subestimar esse tipo de distúrbio. “Se uma pessoa tem um problema, mas os seus exames são normais, costumamos dizer que ela não tem nada”, afirma a Dra. Suzanne.
“Nós, médicos, somos treinados para nos concentrarmos nas doenças, para encontrá-las. Quando examinamos um paciente, estamos preocupados em não deixá-las escapar. Se atendo alguém e não percebo que a pessoa tem uma doença, isso vai gerar muitas recriminações”, acrescenta. A atenção dos médicos está tão concentrada nas doenças que, quando elas são descartadas, seu trabalho é dado por encerrado. O que a Dra. Suzanne diz, em outras palavras, é que nem o médico nem os pacientes estão focados em prevenção, e que a Medicina se volta para a doença somatizada. A falta de esclarecimento faz os pacientes terem dificuldade de aceitar o diagnóstico, recebido como se fosse insulto. A falta de atenção e importância dada a esses males contribui para criar um estigma em torno das doenças psicossomáticas.
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O autor escreve em português do Brasil