Passos Coelho, os jornalistas e a “lei da “rolha”, ou os “suicídios” que não existiram e o avião que afinal não caíu.Se bem me lembro, o governo e em particular a ministra da Administração Interna (MAI) foram violentamente criticados pelo PSD, CDS e por jornalistas e comentadores por não terem estratégia de comunicação nem coordenarem a informação sobre a tragédia de Pedrógão, deixando que a confusão se instalasse com as intervenções descoordenadas da Protecção Civil, dos Bombeiros, do SIRESP e da GNR. Assunção Cristas mandou até a ministra Constança Urbano de Sousa calar os serviços e “pôr ordem na casa”.
Agora que a Protecção Civil (ANPC) fez relativamente aos incêndios o que devia ter feito logo de início, isto é, coordenar a informação e falar a uma só voz, eis que Passos Coelho e alguns jornalistas vêm protestar e clamar pela desordem anterior em que bombeiros, protecção civil, SIRESP e GNR falavam cada um para seu lado, numa espécie de “tudo ao molhe e fé em Deus!”. Passos e os jornalistas chamam à gestão da informação “lei da rolha”, mostrando com isso que não aprenderam nada com a falsa informação sobre os “suicídios” e com o avião que primeiro caíu e depois não caíu.
Mas que a direita critique não é surpresa. Agora que jornalistas o façam não deixa de ser curioso, dado terem obrigação de saber que a comunicação é hoje uma componente essencial das organizações, sejam públicas ou privadas. Percebe-se que prefiram os off-the-record (que lhe dão as “cachas” com que abrem telejornais e fazem manchetes) em vez de informação oficial, confirmada e fidedigna. Claro que terão sempre fontes “informais” no terreno e é natural que assim seja, mas falar em “lei da rolha” revela ignorância ou má fé.
Como se sabe quem está no terreno não tem geralmente uma visão completa dos acontecimentos. Isto passa-se com repórteres e com operacionais das forças de combate aos incêndios e noutras situações de emergência, como conflitos armados. Daí que faça sentido que a Protecção Civil tenha justificado a centralização da informação (dois briefings diários) com a necessidade de divulgação de informação completa e actualizada e também para libertar “os comandantes das operações de socorro para se concentrarem no essencial que é a conduta das operações de protecção civil nos vários teatros de operações”.
É natural que muitos operacionais protestem em off perante os jornalistas, já que aparecer na televisão e nas fotografias não é coisa que se despreze…