O militar Pedro Guerreiro, de 26 anos, suicidou-se esta Quarta-Feira de manhã com um tiro na cabeça, com a arma de serviço. Foi encontrado pelas 07h00 já sem vida pelo colega que o ia substituir no posto de sentinela da Unidade de Intervenção, em Lisboa. Pedro Guerreiro, residente na Amora, Setúbal, é filho e irmão de militares da GNR.
Os colegas de Pedro Guerreiro estão revoltados pelo facto do militar não ter sido devidamente resguardado de serviços que obrigam ao uso de arma após ter regressado recentemente ao trabalho depois um período de baixa médica devido a profunda depressão. Teve mesmo que ser acompanhado e tratado no Hospital Psiquiátrico Júlio de Matos.
Desde o início de 2015, este é o sexto militar da GNR que comete suicídio, alguns com a arma de serviço. Na PSP, outros sete agentes também se suicidaram este ano. Desde 2000, já puseram termo à vida 59 elementos das duas forças de segurança.
Os principais sindicatos e associações da PSP e da GNR exigem medidas urgentes para evitar os suicídios e alertam para factores como a profissão ser de desgaste rápido, de risco, e de elevado stress. Denunciam também a ausência de medidas preventivas adequadas para elementos que acusem comportamentos depressivos.
Sobre este último suicídio, a Associação de Profissionais da Guarda (APG/GNR) diz em comunicado que “não pode deixar de demonstrar a sua mais profunda consternação e indignação pelo sucedido, sobretudo quando há já muitos anos que temos vindo a alertar para esta problemática, sem que tenham existido medidas eficazes, capazes de dar resposta a esta negra realidade”. Também a Associação Nacional de Guardas (ANAG/GNR) expressou sentimento de “revolta” pelas circunstâncias da morte de Pedro Guerreiro, bem como a Associação Sócio-Profissional Independente (ASPIG/GNR).
Estudo revela desalento e desânimo profissional na GNR
Um estudo recente realizado pelas médicas psiquiátricas Susana Pinto Almeida e Sofia Fonseca, que ouviu 1100 militares da GNR, revelou que cerca de 7% dos inquiridos já tentou suicidar-se e pelo menos 15% ponderaram colocar termo à vida em algum momento da carreira. A conclusão deste estudo indica também que mais de 80% dos militares da GNR já experimentou sentimentos de “desalento e desânimo” devido ao excesso de trabalho e à relação com as chefias. Sete em cada dez militares disseram sentir que o trabalho os afecta psicologicamente, seja pela relação com as chefias, a pressão ou o stress.
A investigação revela ainda que quase metade dos guardas alvo do estudo já pensou em pedir ajuda psicológica, enquanto cerca de 20% já o fez. Além de razões pessoais, os motivos estão também relacionados com o descontentamento das condições de trabalho e salarial.