Junta militar informou que entregará o poder ao partido vencedor.
A junta militar de Myanmar garantiu, nesta terça-feira (16), que vai realizar uma nova eleição e que entregará o poder. A decisão ocorre após manifestações populares em todo o país e críticas internacionais, além de sanções. Os militares negaram que a derrubada do governo eleito tenha sido um golpe e acusaram os manifestantes de violência e intimidação.
Como já haviam afirmado a intenção de realizar eleições após a imposição do estado de emergência, não se sabe se a intenção é sincera ou retórica para acalmar os ânimos acirrados, tanto internos quanto externos.
A tomada do poder no dia 1º de fevereiro e a prisão da líder de governo Aug San Suu Kyi e outros membros do governo foram sucedidas pelo retorno dos manifestantes às ruas.
“Nosso objetivo é realizar uma eleição e entregar o poder ao partido vencedor”, disse o brigadeiro-general Zaw Min Tun, porta-voz do conselho governante, na primeira entrevista coletiva da junta militar desde a derrubada do governo de Suu Kyi.
A oposição política a Suu Kyi também é apoiada formalmente pelos militares através da sigla União, Solidariedade e Desenvolvimento (USDP) que se negou a reconhecer o resultado formal, questionado por supostas fraudes eleitorais. Além disso, diversos partidos de minorias étnicas, especialmente rohingyas, não puderam concorrer na disputa eleitoral e cerca de dois milhões de moradores não conseguiram votar.
Os militares não forneceram uma data para a nova eleição, mas impuseram estado de emergência pela duração de um ano. Zaw Min Tun disse, entretanto, que a junta militar não manterá o poder por muito tempo.
Questionado sobre a detenção da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Suu Kyi e do presidente do país, Zaw Min Tun, rebateu as acusações de que eles foram detidos, dizendo que eles estavam em suas casas por medida de segurança enquanto a lei seguia seu curso.
Ele também disse que a política externa de Myanmar não mudará, permanecendo aberta para negócios, e que os acordos vigentes serão mantidos.
Com isso, o país que teve seu primeiro governo civil a partir de 2015, após 25 anos de ditadura militar, voltará a viver sob um regime não democrático. Suu Kyi, que ficou presa entre os anos de 1989 e 2010, liderou seu partido, o Liga Nacional para a Democracia (NLD), para duas vitórias eleitorais consecutivas, sendo a última com mais de 70% dos votos.
por Cezar Xavier | Texto original em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado