Hoje, o Conselho de segurança votou o prolongamento do mandato da missão das Nações Unidas para o referendo no Sahara Ocidental (MINURSO) por um período de seis meses, com a abstenção da Rússia, China e Etiópia.A Frente Polisario disse no comunicado publicada imediatamente após a votação que:
toma nota deste desenvolvimento e em particular do curto período de renovação que reflecte a necessidade da urgente retomada do processo político das Nações Unidas.
A Frente Polisario reiterou o seu compromisso a entrar num processo com definição temporal de negociações directas com Marrocos para finalmente permitir o exercício ao seu povo ao direito inalienável à autodeterminação e independência de acordo com as Nações Unidas e sua doutrina de descolonização.
A Frente Polisario vê esta resolução como um sinal claro que o Conselho de segurança insta na retomada das negociações, sem qualquer condição prévia e de boa-fé.
É uma clara e forte mensagem para Marrocos que tem sempre submetido qualquer envolvimento nas negociações a condições prévias, e sempre coloca obstáculos para alterar qualquer progresso em direcção a uma solução política que garanta o nosso direito à autodeterminação, como foi sublinhado três vezes no presente resolução.” Refere o comunicado.
A Polisario espera que a renovação do mandato por seis meses irá ser usada como uma alavanca para garantir um rápido regresso à mesa de negociações; e reiterou, em nome do povo do Sahara Ocidental, que vai aceitar nada menos do que o pleno respeito do seu direito legal à autodeterminação e independência.
Permanecemos com esperança nos esforços do enviado pessoal para o Sahara Ocidental o Sr. Horst Köhler, mas o Conselho de segurança deve fazer frente ao bullying marroquino e manter uma acção firme para que se faça progressos reais e colocar um fim a permanente chantagem marroquina.
No entanto, a Polisario lamentou que este ano a resolução do Conselho de segurança sobre o Sahara Ocidental deu “indevido crédito às fabricações de Marrocos, embora tenha sido cristalino para todos que tais infundadas alegações são uma óbvia e previsível táctica que foi criada para distrair a atenção do processo político”, referindo-se a declarações de Marrocos que foram desmentidas pelas Nações Unidas.
Resolução da ONU sobre o MINURSO
Votação do projecto de resolução da ONU sobre o MINURSO tinha sido adiada na terça-feira devido a divergências sobre a terminologia e conteúdo. Os Estados Unidos pediram na terça-feira 24 de Abril o adiamento de um projecto de resolução que prolonga o mandato de MINURSO no Sahara Ocidental após importantes divergências dos membros do Conselho de Segurança (CS) sobre seu conteúdo.
Na terça-feira, a missão dos EUA às Nações Unidas justificou o seu pedido de adiamento pela necessidade de conceder aos Estados Unidos mais tempo para examinar todas as propostas que surgiram da reunião do Conselho de Segurança na segunda-feira.
A delegação dos Estados Unidos nas Nações Unidas reuniu ao largo desta semana separadamente com alguns membros do Conselho de Segurança para assegurar que as várias posições expressas neste projecto tenham sido totalmente compreendidas.
Na terça-feira a segunda versão do projecto de resolução levantou várias objecções entre os membros do Conselho de Segurança entre os quais Rússia, Suécia e Etiópia.
Os pontos de divergência: a situação em El Guergarat e muitos outros elementos contidos neste texto que estão relacionados com o processo da ONU no Sahara Ocidental, assim como uma nova terminologia utilizada.
Durante os meses que antecederam a discussão da resolução das Nações Unidas sobre o mandato da MINURSO (Missão para o Referendo no Sahara Ocidental) Marrocos como faz todos os anos montou uma mega operação de propaganda e criou várias tensões internacionais, assim como acusações contra a Frente Polisario desmentidas pela própria ONU.
Segundo um artigo (Marruecos despliega al sur de su territorio sus potentes lanzacohetes chinos Norinco PHL 03) de Julio Sanz publicado no site defensa.com, os lança-rockets múltiplos de longo alcance da empresa chinesa Norinco PHL 03 são das armas mais secretos do Exército Real de Marrocos.
Imagens tiradas por amadores e publicadas em redes sociais mostram a deslocação de um comboio de múltiplos lançadores de rockets chamados MLRM (Multiple Launch Rocket System) do PHLO3 do Exército Real, transferindo-os do norte, onde normalmente estão posicionados, para o sul do país.
Uma das imagens mostra dois MLRS a circular na estrada que liga Marraquexe com a cidade portuária de Agadir e uma segunda mostra um dos PHL 03 na cidade antes de entrar nos territórios ocupados do Sahara Ocidental, o antigo Sahara Espanhol, que Marrocos invadiu em Novembro de 1975.
Segundo a análise de Sanz, o exército marroquino está a endurecer o tom contra a tentativa da Frente Polisário de instalar campos permanentes nos territórios libertados do Sahara Ocidental, enviando reforços para o território, como foi publicado pelo meio de comunicação argelino menadefensa.
O envio para a área deste sistema MLRS que lança salvas dos seus doze tubos de rockets de 300 mm, indicaria que Marrocos está a tomar medidas para aumentar sua capacidade de dissuasão e fogo contra possíveis instalações fixas montadas pela Frente Polisario.
A escolha desta arma para manter a supremacia militar no antigo território espanhol além do muro militar e de separação de 2.720 km, que foi construído por Marrocos, é explicada pelo seu grande alcance (estimado entre 70 e 130 km), e o poder de fogo que deve ser multiplicado pelos 36 MLRS, que seria o número total de PHL 03 adquiridos da China.
Especificamente, seriam os da versão de exportação AR2, muito semelhantes à utilizada pelo Exército Popular de Libertação da China, tendo em conta que o PHL 03 é a versão chinesa do sistema russo / soviético BM-30 Smer (Tornado).
O uso desse poderoso sistema de saturação, em um caso hipotético do fim do cessar-fogo decretado em setembro de 1991, seria mais útil e mais barato do que o uso da aviação de combate, diz Sanz.
Embora a Frente Polisario tenha sistemas antiaéreos, tanto do tipo canhão como dos mísseis móveis SA-6, SA-8 e SA-9, e aqueles transportados pelos combatentes SA-7, estes não são rivais dos F-16 actualizados e do modernizado Mirage F-1s de Rabat, continua a Sanz, que também opera com sistemas de armas inteligentes ar-terra, como o norte-americano JDAM (Joint Direct Attack Munition) e o AASM (Annement Air-Sol Modulaire) francês.
A implantação de lançadores de rockets, bem como a mobilização maciça de forças militares nos últimos meses para o Sahara Ocidental, faz parte da manobra marroquina para desviar a discussão do Conselho de Segurança da realização do Referendo, da inclusão da proteção da população civil saharaui nos territórios ocupados e também para obstruir o esforço de Horst Koehler, enviado pessoal do Secretário-Geral da ONU, para relançar as negociações.
Stephan Dujarric, porta-voz do SG da ONU, respondeu dia 19 de Abril a várias questões levantadas pelos jornalistas sobre o Sahara Ocidental na conferência de imprensa diária e as acusações de Marrocos contra a Polisario dizendo que:
- Podemos dizer que nem a localidade de Bir Lehlou ou Tifariti estão dentro da faixa de proteção.
- Sobre as reuniões com a Frente Polisario: desde a chegada, no final de Dezembro de 2017, do Representante Especial do Secretário-Geral, Colin Stewart, a MINURSO preferiu aderir à prática de longa data de realizar tais reuniões em Rabouni, na Argélia. A Missão e o Sr. Stewart continuam em contacto próximo com o Coordenador Polisario e se encontraram informalmente fora da área da Missão.
- A MINURSO informou ao Conselho de Segurança que, em 16 de março, nas proximidades do local da Equipe Tifariti, os Observadores Militares da MINURSO em serviço foram parados por membros armados da Frente Polisario, com tiros disparados no ar.
- Após uma breve conversa, os Observadores foram autorizados a retomar a sua patrulha. O comandante local da Frente Polisario condenou posteriormente a ação não autorizada dos soldados envolvidos e indicou que seriam tomadas medidas disciplinares.
Bir Lehlou e Tifariti têm sido utilizadas há décadas para acomodar e receber convidados internacionais, eventos e conferências, as acusações de Marrocos e “medos” súbitos dos movimentos Frente Polisario nestes locais nada mais são do que uma peça teatral acrescentada às atuações marroquinas habituais antes das reuniões do conselho de segurança desde 1992.
Porta voz de la ONU dice que Tifariti y Bir Lahlou no están en la zona de amortiguamiento
No último ano do mandato do SG Ban Ki Moon, Marrocos criou um incidente internacional com manifestações pagas e organizadas pelo Estado chamando ao SG Monkey Moon (Macaco Moon) e outros insultos, depois de ele ter usado a palavra “ocupação” referindo-se aos territórios ocupados do Sahara Ocidental.
Marrocos chegou até a ponto de expulsar o contingente civil da MINURSO.
Desde que António Guterres assumiu o cargo de SG, Marrocos criou vários incidentes na área de Guergarat, na zona tampão, com a construção de uma estrada e o destacamento de pessoal militar.
Este ano, Marrocos alega que a Frente Polisario está a desenvolver manobras ameaçadoras, usando falsas acusações que foram repetidamente desmentidas pelo SG e pela MINURSO.
Numa performance digna de vencedora do Oscar, Marrocos ameaça mesmo ir à guerra, uma ação que beneficiaria apenas a Frente Polisário e mostraria ao mundo o verdadeiro caráter da decrépita Monarquia Marroquina.
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