Amade Abubacar, jornalista da rádio comunitária de Nacedje, foi detido no dia 5 de Janeiro de 2019, pela polícia do distrito de Macomia, província de Cabo Delgado, a norte de Moçambique.
A polícia confiscou-lhe o telemóvel, algemou-o e levou-o para a esquadra de Macomia. Amade Abubacar foi detido quanto entrevistava civis deslocados internos que fugiram das suas casas devido à intensificação de ataques violentos a norte de Cabo Delgado. Amade Abubacar está detido em regime de incomunicabilidade, não foi oficialmente acusado de nenhum crime e não lhe foi concedido acesso a um advogado.
Desde Outubro de 2017, que grupos armados têm matado civis na província de Cabo Delgado, a norte de Moçambique. Os ataques começaram no Mocimboa da Praia (a norte de Cabo Delgado), envolvendo membros de um grupo extremista que lançaram ataques simultâneos e coordenados a instituições governamentais, incluindo esquadras. No final de 2018, houve uma escalada dos ataques. Entre os meses de Novembro e Dezembro de 2018, ocorreram mais de 8 ataques em aldeias nos distritos do norte da província de Cabo Delgado, nomeadamente em Nangade, Macomia e Palma, que resultaram em 20 mortos de mais de 100 casas incendiadas.
Desconhece-se a ideologia política deste grupo que não fez nenhum tipo de reivindicação política. Os rebeldes invadem aldeias, incendeiam casas e matam os residentes a golpes de machete e saqueiam a sua comida. Os moradores das aldeias mudaram a sua vida quotidiana com medo dos ataques. Algumas pessoas deixaram de dormir nas suas casas e preferem dormir na praia. Evitam deslocar-se à noite e alguns moradores fugiram para outros distritos.
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Excelentíssimo Senhor Ministro do Interior Jaime Basílio Monteiro
Av. Olof Palme 46/48
Maputo,
Mozambique
[email protected]
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Excelentíssimo Ministro Jaime Basílio Monteiro,
No dia 5 de Janeiro, a polícia do distrito de Macomia em Cabo Delgado (a norte de Moçambique) deteve o jornalista Amade Abubaca. Este não foi acusado de nenhum crime. Amade Abubacar é jornalista da rádio comunitária de Nacedje.
Amade Abubacar estava a cobrir os ataques a civis realizados por grupos armados na província de Cabo Delgado, e estava a entrevistar e fotografar um grupo de pessoas que fugiram das suas casas devido à intensificação de ataques violentos, quando os agentes da polícia o detiveram sem mandado. Amade Abubacar foi algemado, confiscaram-lhe o telemóvel e levaram-nos sob custódia.
No dia 6 de Janeiro de 2019, Amade Abubacar foi transferido para um centro de detenção militar no distrito de Mueda, a norte de Cabo Delgado. Amade Abubacar tem estado detido em regime de incomunicabilidade, sem acusação e sem acesso ao seu advogado.
Esta é a segunda detenção arbitrária de jornalistas em menos de um mês na província de Cabo Delgado. A Amnistia Internacional condena o clima generalizado de medo e de impunidade em Moçambique.
Apelo a V. Exª para que desenvolva todos os esforços junto das força militares e que liberte imediata e incondicionalmente Amade Abubacar da detenção arbitrária em que se encontra. Peço ainda que garanta, enquanto aguarda libertação, que Amade Abubacar não é sujeito a tortura e outros tipos de maus-tratos e que lhe é concedido acesso à sua família e advogados de sua escolha. Apelo para que V.Exª assegure que os jornalistas possam realizar o seu trabalho sem receio de ataques, intimidação, perseguição e censura.
Atentamente,
por Amnistia Internacional