Brahim Gali, presidente da República Árabe Saharaui (RASD)concluiu hoje a visita de Estado a Moçambique tendo sido recebido pelo seu homólogo moçambicano Filipe Nyusi, a presidência da Assembleia da República e todos os lideres dos grupos parlamentares assim como pela direcção da Frelimo.
A visita iniciou-se ontem e prossegui esta manhã com uma homenagem e deposição de uma coroa de flores no monumento dos heróis Moçambicanos, em Maputo onde o presidente saharaui foi recebido pela Governadora da cidade.
Em seguida a delegação saharaui foi recebida pelo Presidente Moçambicano Filipe Nyusi. Após as conversações entre os dois chefes de estado, realizou-se uma conferência de imprensa na qual Oldemiro Baloi, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique informou que as conversações se centraram em torno da situação política do Sahara Ocidental, último território por descolonizar em África, ocupado por Marrocos. Referiu ainda que um dos aspectos importantes da visita para além do aprofundamento das relações bilaterais foi a assinatura de um protocolo de consultas políticas.
O Ministro moçambicano alertou para o facto de que Marrocos entrou na União Africana no início deste ano sem estabelecer condições prévias como tinha feito anteriormente e assinou o acto constitutivo, aceitando assim os princípios básicos desta organização continental, o que significa o respeito pelas fronteiras herdadas do colonialismo, soberania e integridade territorial.
“a ocupação por si só é o primeiro direito humano a ser violado”
Em resposta a uma pergunta do Jornal Tornado sobre a situação dos Direitos Humanos nos territórios ocupados do Sahara Ocidental, Baloi respondeu que a ocupação por si só é o primeiro direito humano a ser violado e que sem independência e soberania não há condições para evitar as violações dos direitos humanos.
Mohamed Salem Uld Salek, Ministro dos Negócios Estrangeiros da RASD, agradeceu ao governo Moçambicano e à Frelimo, pela sua posição firme de apoio à causa da independência. Relativamente à admissão de Marrocos na União Africana disse que se tinha que partir de um princípio de boa fé e esperar que o reino Alauita, respeitasse os princípios que subscreveu e que são a base da União Africana, no entanto se isso não se verificar a situação será de ruptura nesta região.
Apoio incondicional de todos os partidos com assento parlamentar
Brahim Gali foi ainda recebido na Assembleia da República onde se reuniu com os líderes de bancada de todos os partidos com assento parlamentar e a presidente da AR, mais uma vez a declaração de solidariedade com o povo saharaui e o seu direito à auto-determinação foi declarado de forma unânime por todos os presentes.
Na sede da Frelimo, o presidente Brahim Gali foi recebido pela direcção do movimento de libertação moçambicano com quem a Frente Polisario mantem relações desde o inicio dos anos 70.
A delegação saharaui teve ainda um encontro com a Marcha das Mulheres Moçambicanas, uma organização que a nível internacional apoia o povo saharaui através de iniciativas periódicas e denúncia da situação das mulheres saharauis.
A visita terminou com um banquete no qual participaram, entre outros, Joaquim Chissano e Gembuza, ex-presidentes de Moçambique e membros do Governo e representantes do corpo diplomático, onde mais uma vez o Presidente Nyusi reafirmou a solidariedade do seu povo e governo com o povo Saharaui e a RASD. Brahim Gali agradeceu dizendo que estava como se fosse na sua casa, uma casa de lutadores pela independência e que à semelhança dos irmãos moçambicanos o povo saharaui irá conseguir alcançar a sua liberdade uma vez que não está disposto a desistir da sua luta, até à vitória.
A importância dos países do SADEC – Comunidade dos Países da África Austral, no apoio à RASD e na defesa dos princípios da União Africana foi realçado mais que uma vez nos vários discursos e encontros pelo presidente Brahim Gali e outros membros da delegação.
Moçambique demonstrou claramente, durante esta visita, que não irá desistir de apoiar o direito do povo saharaui à auto-determinação de acordo com os princípios da União Africana e que não irá tolerar que este conflito siga sem solução.