No dia 4 de Outubro de 1976 nascia a TeleCulinária. Ainda hoje uma presença obrigatória em qualquer cozinha portuguesa. Quem nunca fez ou provou o bacalhau, os croquetes, ou os bolos e doces à Chefe Silva? Com o seu «toque blanche», o famoso barrete alto, a sua voz inconfundível e a sua forma discontraída de comunicar, o chefe António Silva ficará para sempre conhecido por ensinar a miúdos e graúdos a arte de bem cozinhar.
Primeiro, começou por ensair em casa e a falar para um cinzeiro. Depois, treinou em tempo real para os ecrãs E sem grande contestação, vai ficar para a história do país, como o primeiro Chefe de Cozinha a fazer um programa de televisão, depois do 25 de Abril.
António Silva, um dos mais populares chefes de cozinha tradicional português, nasceu a 29 de Março de 1934, na Vila Termal de Caldelas, no concelho de Amares. Foi ferreiro, pedreiro, e começou por lavar pratos. Aos 18 anos veio para Lisboa e trabalhou em várias unidades hoteleiras. Com 24 anos viajou até Lourenço Marques, actual Maputo, onde se viria, aqui sim, a tornar chefe de cozinha.
De regresso a Lisboa, e após ter terminado o curso na Escola de Hotelaria com distinção, foi chefe de cozinha do Hotel Avenida Palace, Hotel Altis e deu ainda aulas no Instituto Culinário Margarina Vaqueiro. Mais tarde inaugurou o restaurante Super Chefe, na capital. Foi, durante 30 anos, director técnico da revista TeleCulinária.
O «Chefe Silva» faleceu esta quarta-feira, aos 81 anos, vítima de doença prolongada. O funeral está marcado para amanhã, quinta-feira, pelas 17:30, na Igreja Paroquial de Caldelas, concelho de Amares.
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Receita de croquetes do Chef Silva
Ingredientes:
. 200g de carne picada (ou restos de carne, frango, etc.)
. 60g de manteiga ou margarina
. 1 dente de alho picado
. 1 folha de louro
. 1 cebola pequena picada fininha
. 60g de farinha de trigo
. 1,5 dl de leite
. 2 ovos
. sal, pimenta, noz moscada, pão ralado, óleo para fritar
Numa caçarola derreta a manteiga, junte o alho, a cebola e o louro e deixe alourar, mexendo sempre para não queimar. Quando a cebola estiver bem lourinha, junte a farinha e mexa até estar tudo bem ligado. Mexendo sempre, sobre lume brando, adicione, em fio, o leite bem quente. Continue a mexer até descolar do fundo. Junte a carne picada, misture bem e tempere com sal, pimenta e noz moscada. Continue a mexer cerca de 1 ou 2 minutos. Fora do lume, misture 1 ovo batido, deixando-o cair em fio e mexendo bem. Leve novamente ao lume e mexa sempre até formar bola e descolar do fundo do tacho. Despeje sobre um tabuleiro, alise, cubra com papel vegetal e deixe arrefecer (a experiência diz-me que umas boas horas no frigorífico ajudam a enrolar; normalmente deixo durante a noite).
Molde os croquetes (como a massa é muito mole, normalmente faço bolinhas não muito grandes – aguentam melhor a fritura sem se desfazer), passe-os por ovo batido e pão ralado (neste ponto podem ser congelados). Frite em óleo bem quente – se não estiver na temperatura ideal os croquetes desfazem-se –, seque-os em papel absorvente e sirva quentes.