Em Timor-Leste, em especial na Sede Nacional da Associação dos Combatentes da Brigada Negra (ACBN), com a morte de Germano Silva (Hata), houve momentos de muita dor e consternação.
Germano Silva, conhecido no tempo da Resistência Clandestina por Hata, iniciou o seu envolvimento na luta pela libertação de Timor-Leste quando ainda era estudante no Externato de S. José, em Lahane – Díli, em 1974, tendo sido eleito Vice-Presidente da UNETIM e, mais tarde, no início de 1975, Presidente desta organização de estudantes defensora da independência de Timor-Leste.
No mesmo ano Hata ingressa na FRETILIN, na estrutura OPS (Organização Popular de Segurança), tendo sido Responsável pela segurança do Vice-Presidente Nicolau dos Reis Lobato e integrado o Departamento de Administração Interna.
Em 7 de Dezembro de 1975, Hata é capturado pelas tropas invasoras da Indonésia, preso durante um ano em Díli, torturado, mais tarde solto, mas volta a ser detido em Janeiro de 1979 e fica com residência vigiada até 16 de Abril de 1982.
Luta de libertação integrado na AST e na Brigada Negra
Germano Silva, em 1992, ingressou na Associação Socialista de Timor (AST), tendo trabalhado sob a orientação do Camarada Ricardo Saturnino (Lulik) e do Saudoso Gui Campos (Selvas Ciclone).
Em 1995, sob orientação de Avelino Coelho (Shalar Kosi. F.F.), Hata foi indigitado para ser membro do Bureau Especial da AST, juntamente com Nuno Corvelo Sarmento (Laloran), Lulik e Ciclone, e tinham responsabilidades na área da informação, agitação e propaganda, e ligação directa com a Representação Externa da AST (Portugal, PALOP e Nações Unidas), coordenada por M. Azancot de Menezes, bem como, no envolvimento dos preparativos da formação da Brigada Negra, uma força especial das FALINTIL liderada por Kay Rala Xanana Gusmão.
Em 1996, aquando da aprovação do projecto de estabelecimento da Brigada Negra como Força Especial das FALINTIL pelo Comandante-em-Chefe das FALINTIL, Maun Boot Xanana Gusmão, Hata foi nomeado membro efectivo da Brigada Negra continuando a assumir as tarefas de informação e comunicação.
Luta pela defesa do Estado de Direito Democrático
Germano Silva, no âmbito da luta pela defesa do Estado de Direito Democrático, desempenhou múltiplas funções e cargos:
Na data de fundação da ACBN passou a ser membro efectivo da ACBN.
- Nas campanhas sobre a defesa da Fronteira Marítima de Timor-Leste, desempenhou um papel muito preponderante desde 2002 até 2018.
- Participou na grande mobilização de 22 de Março de 2016.
- Recebeu o Certificado de Reconhecimento de participação na Luta de Libertação de Timor-Leste concedido pela ACBN, assinado pelo Presidente Honorário da ACBN, Kay Rala Xanana Gusmão.
- Em 2017 – 2022 participou muito activamente nas campanhas de sensibilização das massas populares para apoiar o Projecto de REPOSIÇÃO DA ORDEM DEMOCRÁTICA CONSTITUCIONAL.
- Foi membro da Primeira Convenção Nacional da União dos Movimentos Democráticos e Populares (UMDP), eleito em 25 de Setembro de 2021.
- Participou muito devotadamente nas campanhas da candidatura do Dr. José Ramos-Horta, Laureado Nobel da Paz, na corrida presidencial em 2022.
Germano Silva, alto patriota e nacionalista, profundamente abnegado à causa de Timor-Leste, com uma coragem digna de um verdadeiro combatente, conhecido no tempo da Resistência Clandestina por Hata, faleceu no dia 6 de Dezembro, em Jacarta, vítima de doença. O seu funeral foi em Díli, no dia 10 de Dezembro de 2022.
Que repouse em paz.