As redes sociais “são uma das mais espetaculares razões de declínio da qualidade de vida” e o acesso rápido e maciço a informação mal pensada “é um risco extraordinário”.
Diz António Damásio, neurocientista português. E além dos alertas de muitos outros, digo eu também.
Readers Digest
Nos anos 70 fiz amizade com o filho de uma família detentora de uma grande empresa multinacional. Conheci os pais. Eram pessoas ricas, afáveis e simpáticas, não muito cultas, católicos semi praticantes.
O pai decidiu enviar o meu amigo, com 16 anos, para os EUA, mais precisamente para NY, para ai aprender, perto da estátua da Liberdade como se fazem negócios e se fazem os self made men. O Renato (altero o nome) foi recebido na sede da companhia em Manhattan. Levado ao gabinete do todo poderoso CEO da companhia, foi amavelmente cumprimentado e depois conduzido às suas funções: limpar o átrio de chão de mármore, entregar cafés, chás e laranjadas às centenas de secretárias, levar e trazer pastas de arquivos nos vários e muitos andares.
Contou a odisseia regressado a Lisboa um mês depois. Achava que os americanos eram todos passados dos carretos, tinha-se divertido imenso, fora convidado para várias festas da empresa, tinha conhecido imensa gente e tinha tomado LSD.
Vamos por partes: nas imensas festas a que foi bebidas e pequenas entradas eram servidas em todas e sempre iguais. Inicialmente foi impressionada pela cultura dos convidados. No primeiro grupo a que se juntou pensou que todos eram engenheiros da NASA_ o assunto era a Apollo 70, e todos sabiam imenso sobre a missão. Chegou a pensar que todos aqueles americanos eram amigos de Neil Armstrong. No segundo grupo além de falarem da missão Apollo todos falavam do Boeing 747 que realizara o primeiro voo comercial com a Pan Am em 22 de janeiro, de Nova York para Londres, com 332 passageiros e 18 tripulantes, escassos meses antes do Renato ter sido enviado para NY.
Passando de grupo para grupo, apercebeu-se de que todos os alegres convivas falavam dos mesmos dois assuntos, referindo todos os mesmos conhecimentos aero espaciais.
Bem, rapidamente o Renato descobriu que eram os dois assuntos emitidos pela revista Readers Digest. As pessoas debitavam umas às outras o que a Readers Digest lhes retransmitia.
Como todas as pessoas que ia conhecendo, sobretudo a imensidão de secretárias lhe falavam do consumo do LSD, o Renato decidiu experimentar. Amarrou-se com cordas à cama da hospedaria onde estava alojado e tomou e halucinou devidamente protegido, muito melhor do que o pai dele teria imaginado quando lhe deu, antes da partida de Lisboa, uma embalagem de preservativos que por acaso eram um dos produtos que a multinacional produzia.
Whats App 2009
Brian Acton e Jan Koum criaram a aplicação Whats App em 2009. Conheceram-se na Yahoo onde ambos trabalharam.
Depois venderam a aplicação à empresa de Mark Zuckerberg, dono do Facebook, e do Instagram.
Brian Acton deu várias entrevistas, uma das quais à FORBES, onde disse que não aprecia o Facebook, e que considera que a venda que fez da Whats App a este grupo foi um grande negócio que o faz sentir-se culpabilizado.
Participou na campanha #DeleteFacebook, por causa dos escândalos que expuseram a vulnerabilidade dos dados pessoais dos utilizadores desta rede social.
Ou seja, Brian Acton apercebeu-se do perigo da aplicação que tinha criado.
Jan Joum, nasceu na Ukrania, é americano, veio de uma família humilde, emigrou para os USA ainda adolescente. Engenheiro programador.
Ambos, Jan Koum e Brian Acton foram os segundos classificados no 8º Annual Crunchies Awards em 2015 na categoria Founder of the Year.
Glórias tipo WEB Summit, teriam ambos sido cumprimentados por Marcelo Rebelo de Sousa se esses prémios fossem dados em Lisboa.
António Damásio
É presidente da cadeira David Dornsife de neurociência, é professor de psicologia, filosofia e neurologia na Universidade do sul da Califórnia e, professor adjunto do Salk Institute.
Damásio alerta para o facto de as redes sociais “serem uma das mais espetaculares razões de declínio da qualidade de vida” e o acesso rápido e maciço a informação mal pensada “é um risco extraordinário”.
Este neurocientista é português.
Aplicações como o wahts app, que hoje em dia pertence ao facebook são outro clear and present danger alerta António Damásio.
E além dos alertas de muitos outros, digo eu também, os riscos da difusão de partículas de ciência como se Ciência fossem, o risco de as pessoas que não estudam mas absorvem os títulos da comunicação social, sem terem capacidade de discernimento entre o que é Ciência e o que é cientologia, é enorme e está a ser aproveitado por correntes subterrâneas e nada inocentes para difundirem mentiras que parecem verdades.
OPINIOTOLOGISTAS
São aqueles que sabem tudo, mas muito mal informados seguem os títulos, os blogs e as notícias de plataformas que difundem novas falsas, que leem e engolem como verdades bíblicas, re imaginam que são os novos mensageiros de verdades.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90