Esse é o verso de uma música do Luís Melodia, linda, que me inspira desde os 20 anos quando preciso tomar decisões maiores do que eu. Torço para que a Dilma não vacile mais e se ilumine com a luz que os nossos “democratas” de plantão, artistas do palco e da vida, estão lhe oferecendo em manifestações históricas.
A mais recente foi na terça-feira (12), nos Arcos da Lapa, no Rio; tão grande e singela, tão estrondosa e delicada que inaugurou noite de lua cheia no Brasil, apontando o caminho no escuro do golpe — os artistas presentes, entre eles nossa estrela-guia, Chico Buarque, lançaram manifesto pela democracia.
Porque é golpe mesmo e é preciso que se diga, enfatizou a presidente nesta quarta-feira, 13, em coletiva de imprensa: “Estou fazendo uma denúncia, tem um estado de golpe sendo conspirado no Brasil. Tanto aqueles que agem abertamente a favor, como os que agem ocultamente e os que se omitem: todos serão responsáveis. Não se pode supor que determinados atos políticos são feitos sem consequências”, garantiu.
As consequências serão inevitáveis, principalmente para a população que enfrentará o desmonte da Constituição de 1988 e o retrocesso de direitos sociais .
O recado bem dado da Dilma me fez lembrar o ex-presidente, Jânio Quadros, que renunciou e culpou “forças ocultas” pelo seu ato. Dilma não renuncia e faz questão de nomear as “forças ocultas” que a querem derrubar. Disse que o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) são o chefe e o subchefe do golpe. “Um não age sem o outro. Mas nenhum de nós aqui sabe determinar ao certo qual deles é o chefe e qual é o subchefe”, brincou.
Há uma semana, quando Dilma Rousseff fez declaração parecida, mas não tão acintosa, lembro-me de uma juíza duvidar quando a imprensa questionou: “Não, a presidente não deve ter dito golpe, provavelmente falou algo parecido”.
Sim, a presidente agora fala tudo.
Quanto ao placar do impeachment, a Folha de S.Paulo “informou” que já há 90% de votos a favor enquanto o Palácio do Planalto anunciou, nesta tarde (13), após reunião com deputados, que os votos contrários já são maioria.
Seja como for, a luta está longe de acabar no domingo (17), em sessão televisionada pela TV Globo, que chegou ao absurdo de “adiar” jogo de futebol, esporte que não está, em tese, sob sua direção, para transmitir ao vivo.
Ainda que o impeachment leve a melhor nessa segunda votação, Dilma não perderá o mandato, será apenas afastada enquanto seguirão votação no Senado, um processo de oito meses, etc.
O que mudaria, de imediato, seria a correlação de forças no xadrez político, que passaria a ter uma nova peça: o novo governo (Temer), controlando o Executivo e o Congresso. Ah, e a economia também mudará, vai ficar pior.
Não por culpa da Dilma (saindo ou ficando), mas porque este movimento político no país, inexplicável, tem a ver com luta de classes, nesse caso, só a elite continuará se dando bem.
Nota: A autora escreve em português do Brasil