Poema de António Bondoso
Na passagem do tempo
Para além dos sonhos e desejos
Há uma estrada que persegue o infinito.
É ali que circulam
Solidárias
As mentes inquietas e que sofrem
Renovadas de um permanente cansaço
Sentido profundamente a cada passo.É no dobrar do tempo,
Na passagem dos dias de esperança
Quando sobe o desespero e o desalento
E se firma a vontade de sorrir,
Que o caminho se aproxima do final
Brilhando então no infinito
Todas as estrelas do Natal.E para lá chegar
Ao infinito
Em veloz corrida mais que um grito
ALGUÉM muda certinho o calendário
Deixando ficar contos de vida em seu remanso
Memória encantada do passado
Prospecto de um futuro irrequieto.Ao dobrar o tempo soma-se a vida
E não se regressa a lado algum.
Apenas a memória é iludida
Com as notas de triunfo e felicidade
Alcançadas no tempo de passagem
De um ano que ficou já em saudade
De um novo que se espera* muito próspero.
*(De um novo que se espera…
…talvez pior!) = original em O Poder e o Poema, 2012. Pgs 88,89. Ed. Esgotadas.