Olhando o mapa outros continentes parecem não ter problemas sócio-culturais, e alguns filmes que importamos trazem a confirmação das cores do paraíso…
Às vezes alguém grita fuck you, mas no fim tudo se resolve, até o actor principal matar todo mundo por vingança e não pagar as contas com a justiça, no amor um mais um dá sempre dois…
E quando nos sentimos encurralados tentamos sempre comparar a uma realidade nunca testemunhada. Para quem só vê novelas, no embalo da mesmice quando o calor aperta, vamos surfando de canal a canal, até esbarrarmos num canal de noticias internacionais… E ai, toda magia é fuzilada por notícias que nos revelam que mundo é só um e que se está inquinado, é de uma ponta a outra… Uns se vestiram de amarelo para reclamar “0,01” porcento do preço do combustível. Enquanto na minha terra tudo sobe a mil porcento e o povo só reclama nas redes sociais… Eu pessoalmente não deixaria os meus afazeres para ir a uma manifestação… Há quem vá, e logo a seguir é rotulado revolucionário, um “adjectivo muito forte para quem reclama algo de direito… Mas quando dizemos que na terra dos outros não é assim, só queremos os benefícios e nunca queremos cumprir os deveres… Há regras para tudo, e sobretudo em sociedades organizadas, os cidadãos são instruídos desde cedo de quais são os seus deveres, direitos e obrigações. É básico não deitar lixo na rua, é ainda mais básico pagar impostos e o governo tem o dever de criar condições para que o cidadão não seja privado pelo menos da cesta básica, ensino de base, e saúde de “base’ …
Fomos invadidos por uma onda de desemprego, em consequência disso a criminalidade, alcoolismo, violência doméstica e a extinção da empatia entre as pessoas. As leis pesam para uns, mas para outros que se vestem de imunidades …” Lei é o quê?
Há países quase sem recursos minerais, que vêm nas pessoas o valor de um diamante, e as lapida com estima tornando-as na mais imprescindível das jóias…
Uma jóia humana.
Há países que vivem de receitas fiscais e o dinheiro circula entre o povo e o estado. Há países como o meu, onde o custo de vida é muito mais alto que o salário mínimo, e estão tentando imitar o sistema da terra dos outros começando pelo lado errado.
Sobem os preços de tudo, desde o lápis ao combustível, e o povo cansado abana a cabeça e diz:
Vamos fazer mais como então? E segue remediando a situação, num trago amargo que o anestesia de toda realidade.
A autora escreve em PT Angola