Jovem, queres andar no engate sem pecado? Vai a datescatolicos.org, o site que “deus nosse senhor” quis que existisse para que fosses feliz. Em datescatólicos encontras o melhor de chavalas e chavalos prontos para uma relação sob a alçada do mestre que está no trono dos trovões com 24 anciãos à volta. E o “dono” do sai-te ainda dá conselhos para manter o casamento, na crónica “8 dicas para acabar com o seu casamento”, publicada esta quinta-feira no magnífico jornal Observador.
A ideia de haver um site de engate para católicos já é boa. Agora que o fundador nacional nos dê conselhos em como manter um casamento é divinal.
Vejamos – para acabar de vez com o casamento, o gerente da abençoada casa de passe diz: “Nunca reze, vá ao psicólogo, leia livros ou tenha hobbies. Isso é tudo veneno. Rezar é para beatos. Se casou pela Igreja, foi um proforma bonito, pois a capela era do Séc. XV, a mulher estava com um vestido de sonho, foi imensa gente e o copo de água de arromba. As promessas que fez, aquilo é tudo discurso de velhos, ninguém liga àquilo. Muito menos, rezar em casal, ir à Missa e aconselhar-se com um padre, isso é para beatos e retrógrados”.
Não discordo. Quem casou pela Igreja nestas condições, ou seja, a maioria, merece olhar para a mulher como objecto sexual e não como pessoa. Mas ainda mais, como objecto desprezível. A crónica que esta quinta-feira nos esclarece como acabar com o casamento católico é só pancada nos homens. Eles são os principais culpados do fim dos casamentos, para António Pimenta de Brito, o autor e dono da casa de encontros.
Chega ao ponto de se meter entre nós e os nossos computadores: “Não faça amor com a sua mulher. Pode ter dois perfis, ou se acha um sex bomb e a chama já acabou ou acha que sexo é só para procriar e tudo é pecado. No primeiro caso, veja pornografia, masturbe-se de vez em quando, também. (…) Se for do 2º perfil, continue assim, pois tornará a coisa cada vez mais tabu e acabarão por deixar de fazer”.
Para um pobre pós-teísta, como o vosso escriba, a ideia de que só o homem, aos olhos de deus, será responsável pelo fim das relações causa alguma estranheza. Como causa alguma confusão ter de existir um site chamado dates católicos. Por anos, juro-vos, pensei que ir ao domingo à missa, andar à solta na catequese ou naqueles “grupos de jovens” servia exactamente para isto: sacar gajos e gajas. O desconhecimento é absoluto, porque nunca frequentei a casa (deste) senhor. Mas soava-me que aquilo de irem para a Serra de Montemuro com escuteiras de meias até aos joelhos e saias, elas com 17 anos e eles com 14, daria para masturbação que bastasse e algumas memórias futuras.
O nojo é tanto que o último conselho para acabar com o casamento é este: “Lavar a loiça, limpar, pôr a mesa, levar o lixo, passar a ferro, cozinhar, buscar os filhos, divisão de tarefas? É que nem pensar. Isso é para emancipadas feministas que não sabem que quem manda é o macho. Vão mas é ler Simone de Beauvoir para a lavandaria que o meu amigo tem é de ir ler o Finantial Times e ver a bola”.
Se o Sartre apanha o nosso gestor da casa de meninas e meninos ainda lhe dá com o crucifixo em chamas. Ou alguma trombeta que o ponha a gritar um “ai ai ai” apocalíptico.