A história que mergulha no universo surrealista, biográfico e artístico da pintora mexicana Frida Kahlo tem estreia marcada para esta sexta-feira, no Centro Cultural da Malaposta, em Odivelas, e é a recente criação da cooperativa teatral D. Mona.O espectáculo pluriartístico pensado pela encenadora e actriz Mónica Kahlo e pela antropóloga e investigadora Sílvia Raposo tem como linha de partida a noção de “conto-sonho” de “Alice no País das Maravilhas” (1865). Experimentando todo o ambiente “non-sense”de Lewis Carrol, “Não Kahlo” recria Alice não como uma sucessão de eventos, mas como uma viagem ao realismo mágico latino-americano que acaba por ser, segundo as autoras, uma proposta autobiográfica.
Mónica Kahlo e Sílvia Raposo, doutorandas em artes performativas, contam na peça, como é que a artista mexicana “cai num poço” em direcção ao mundo da fantasia, quando seguia um coelho apressado, à semelhança de Alice. O caminho tem cruzamentos com criaturas grotescas que “problematizam a neurose entediante da rotina dos normais e o mundo incompreendido dos bizarros”.
No início da peça Frida apresenta uma altura desmesurável, ao cair do vestido parece reduzir-se a um tamanho insignificante e apercebe-se que passou por uma série de transformações físicas: perde os dedos de um pé, sofre múltiplas fracturas na coluna e 35 cirurgias, é-lhe amputada uma perna, tem uma infecção nos rins, e por três vezes a gravidez fica interrompida.
O paralelismo com a realidade de Frida Kahlo fica distante da ficção: a 6 de Julho de 1907 na cidade de Coyoacan, México, nascia a primeira artista mexicana a ter obras exposta no Museu do Louvre, em Paris. Aos seis anos enfrentou uma poliomielite que a deixou com uma perna mais fina, aos dezoito sofre um grave acidente que lhe provoca várias lesões para o resto da vida, mas que lhe traça o destino combativo – nasce na altura o primeiro “Autorretrato com vestido de veludo” dedicado ao namorado que a abandonou na adversidade.
Após o acidente aproximou-se do pintor mexicano Diego Rivera com quem viera a casar em 1929. O relacionamento conturbado com Rivera, as demais paixões a que se entregou, a amputação da perna direita, a depressão, as dependências causadas pelas dores permanentes, a última obra “Natureza Morta (Viva a Vida)”, todos estes episódios fazem parte das conquistas da existência da artista que se tornou imortal ao contrário da sua vontade.
Na madrugada do dia 13 de julho de 1954, Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon foi encontrada morta dentro de casa com embolia pulmonar. Tinha 47 anos. Escreveu um dia que nunca pintava “sonhos ou pesadelos” mas a “própria realidade”. As últimas palavras foram encontradas no seu diário: “Espero alegre a minha partida – e espero não retornar nunca mais”.
Depois da estreia em Lisboa, “Não Khalo” (espectáculo falado em português, inglês, francês e espanhol) segue em digressão por vários palcos de Portugal e em Julho será apresentado também em Lavapiés, Madrid.
Produção – D. Mona
Texto, Encenação e Cenografia – Mónica Kahlo e Sílvia Raposo
Interpretação – Mónica Kahlo, Sílvia Raposo, Margarita Camacho, Anabela Pires e Liane Bravo
Guarda-Roupa – Helena Raposo
Grafismo – Sílvia Raposo
Apoio Técnico – Pedro Milo
Maio
Centro Cultural Malaposta, Odivelas
Data / Hora: Em Maio, nos dias 4 e 5, pelas 21:45 horas, e Domingo, dia 6, às 16:15 horas
Preço: 7,50€
Informação e reservas: 219 320 940 / [email protected]
Junho
EKA Palace, Xabregas, Lisboa
Ensaio aberto dia 23 de Junho, às 21:30 horas
Casa do Coreto, Carnide, Lisboa
No âmbito das Festas de Lisboa, mostra no dia 27 de Junho, às 21:30 horas
Julho
Teatro Bernardim Ribeiro, Estremoz
1 de Julho, pelas 16 horas e 21:30 horas
Lavapiés, Madrid – Espanha
6 e 7 Julho, pelas 21:30 horas
Biblioteca Municipal, Tomar
14 de Julho, pelas 21:00 horas
Parque dos Moinhos de Santana, Lisboa
21 de Julho de 2018
Setembro
Auditório Municipal Beatriz Costa, Mafra
29 de Setembro, pelas 21:30 horas
Outubro
Casa das Artes, Porto
12 de Outubro, pelas 21:30 horas
Novembro
Auditório Costa da Caparica, Almada
3 e 4 Novembro, sábado: 21:30 horas, e domingo: 17:00 horas
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