Sentimos algum poder e até algum progresso em relação a nós próprios quando conseguimos perceber alguma evolução na nossa vida relativamente à forma como vamos lidando com os nossos sentimentos. Mesmo que nunca tenhamos pensado nisso.
Mais velhos, conseguimos chegar a uma conclusão que pode parecer refrescante, se pensarmos “ao fim ao cabo, não pedi os meus sentimentos. Eles é que vieram sempre ter comigo, quisesse eu ou não.”
Este raciocínio parece ser concordante com alguns estudos e descobertas científicas recentes. De facto, nós não podemos usar simplesmente a nossa força de vontade para criar sentimentos, ainda menos para os obrigar a fazer aquilo que queremos que façam. E mesmo que se consiga um bocadinho, nunca será por muito tempo! A parte emocional do nosso cérebro, o “piloto automático”, é muito mais poderoso do que que o racional, do que o “sistema intencional”.
Então não é no mínimo justo, culparmos-nos dos nossos sentimentos. E se insistirmos em fazê-lo, entra-se em uma espécie de loop, que se vai resumir em 4 fases: primeiro, sentimos-nos em baixo. Segundo, tentamos forçar-nos a sentirmos-nos melhor. Terceiro, falhamos ao fazê-lo. Quarto, culpamos-nos por esse falhanço.
E à medida que tentamos refazer este sistema, cada vez nos sentimos pior
Faz sentido? Algumas pesquisas constatam que não só este loop é muito comum, e mesmo que a pessoa não tenha tendências depressivas, a verdade é que pode viver verdadeiros infernos por não se sentir capaz de passar por cima destes ciclos, controlá-los e ter menos razões para se culpabilizar.
O melhor seria efectivamente assumir total responsabilidade por aquilo que fazemos com os nossos sentimentos, em vez de parar com eles.
Em vez de de nos mantermos 100% responsáveis pelas nossas acções e 100% responsáveis pelos nossos sentimentos, o melhor era termos que nos preocupar em sermos apenas 100% responsáveis pelas nossa acções e 0% responsáveis pelos nossos sentimentos. Se o conseguíssemos fazer, ganharíamos alguma calma nas nossas vidas? Ao que parece, não.
Iríamos gastar muito tempo do nosso dia a verificar se os sentimentos eram ou não válidos quando na verdade os sentimentos…são o que são!
Os nossos sentimentos são válidos
Todos. Mesmo os negativos e mesmo que contra isso se insurja o mais racional de todos nós. O Sr. Razão.
O ideal de facto é simplesmente fazer o que for melhor fazer. Deixar os sentimentos fluírem (sim, apesar de tudo!) depois, deixá-los passar, como se fossem águas de um rio.
Este pensamento já é tido em grande consideração por budistas, há milénios. De facto, em vez de passarmos a vida a zangarmos-nos com os nossos sentimentos, criando atritos connosco próprios, porque não tentar este exercício? Aceitar. Senti-lo, prestar atenção. E deixar fluir.
Desta forma, os sentimentos negativos libertam-se muito mais depressa do que se os forçarmos a descolar. E poupamos uma imensa energia vital.
100% pela responsabilidade, pelos sentimentos…0%
Nenhuma responsabilidade, porque de facto, ela quase não existe. Quase, porque os sentimentos não estão completamente dissociados do nosso sistema intencional. Apenas a maior parte. Tentar empurrar os sentimentos mais do que se deve obriga a uma enorme energia e a um insucesso quase garantido.
O fundamental nisto tudo é garantir que se está a fazer tudo para atingir objectivos que se estabeleçam. Apenas isso.
A antiga ideia de que se deve “pensar de forma positiva” ainda existe e permanece porque funciona! Talvez fazer algo tão simples como forçar-se a sorrir de vez em quando, quando nem apetece, possa ajudar. Agora que sabemos que as nossas emoções vão seguir as acções.
Muitas vezes, quem está a ter um libertador ataque de choro, precisava muito menos de ajuda do que o Sr. Razão!