Mais do que nunca é preciso enfrentar o golpe nas ruas!
A tática de sair às ruas em massa e em paz abalou o inimigo. Os 1,35 milhão de manifestantes em todo o Brasil e cerca de 500 mil pessoas na manifestação da avenida Paulista, dia 18, ouvindo Lula como um líder que seguirão às últimas consequências na tentativa de resguardar a democracia no país, ameaçou o golpe institucional que, para muitos, já está em andamento. Gerou reações sucessivas e imediatas da oposição, em todos os seus flancos.
Começando pela imprensa, a Folha de S. Paulo deu em manchete de primeira página: “Apoio a impeachment chega a 68%, mostra Datafolha”.
O mesmo instituto diz que a reprovação ao governo Dilma retorna ao seu patamar recorde: 69% avaliam sua administração como ruim ou péssima. E divulgou agora à noite (19) uma pesquisa que, se estiver correta, mostra o risco do momento em que vivemos: 80% dos brasileiros apoiam a medida de condução coercitiva adotada contra Lula pelo juiz da Lava-Jato, Sergio Moro.
Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, avalia
“Não importa que seja ilegal, abusiva, não importa que signifique a utilização do aparato de Estado para intimidar uma (e apenas uma) das forças políticas em disputa. Contra o PT, vale-tudo, parece dizer a Lava-Jato, com apoio da Globo, e sob os aplausos de uma maioria entorpecida pelo clima de prende e arrebenta. A tradição justiceira do Brasil mostra as caras. A Constituição é jogada no lixo”.
Vianna mostra o risco dos que não se alinham à luta pela democracia por ódio ao PT: “Moro deixou de ser um juiz, e virou um projeto de ditador. Moro deixou de ser um juiz, e virou um baderneiro das leis.
Ao dizer isso, não protejo o PT, nem Lula, nem Dilma – em quem votei nas últimas eleições. Não.
Protejo meus adversários, protejo o futuro, protejo a democracia. Protejo meus filhos, e os filhos de meus adversários. Protejo até o Moro, ainda que não mereça.”
Para o jornalista Luís Nassif, no entanto, o instituto deixou de ser confiável: “A estimativa de público de 90 mil pessoas na Paulista ontem, pelo DataFolha, infelizmente destrói a reputação do instituto”. (Jornal GGN)
É fácil concordar com Nassif comparando-se as fotos do dia 13 (primeira à direita) e do dia 18 (noturna).
Além de manipulação de números, os que articulam o golpe contra as instituições também fazem contas para menos no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff: o líder da Força Sindical, Paulinho da Força, prevê que até dia 5 ou 10 de abril a presidente Dilma Rousseff será deposta.
O discurso atribuído a ele está sendo distribuído através de grupos do WhatsApp.
Paulinho é réu no Supremo Tribunal Federal acusado de desviar dinheiro do BNDES.
Na fala, ele diz que o impeachment é de Eduardo Cunha. Cunha, presidente da Câmara, que é réu na Operação Lava Jato.
Em viagens internacionais durante dois anos, Cunha, a mulher e a filha gastaram R$ 880 mil, provenientes de contas secretas na Suiça, segundo a Procuradoria Geral da República.
A presidente Dilma Rousseff, que Cunha e Paulinho prometem derrubar, não é acusada no âmbito da Operação Lava Jato.
Em sua fala, Paulinho da Força diz que está tratando de imprimir adesivos e botons pelo impeachment de Dilma e que “tem muita gente querendo financiar esse negócio”, sem identificar quem seja essa “muita gente”.
Enquanto Paulinho da Força e Cunha comem pastel, o senador José Serra, o Juiz Gilmar Mendes e Armínio Fraga, almoçam em um restaurante elegante. Sobre o que conversaram? Serra tem todo o estilo de ilustre senhor candidato, caso, entre as muitas soluções que estão sendo “pensadas” para o Brasil, opte-se pela eleição de novo presidente e vice.
“O golpismo repete a fórmula do grande expoente do fascismo nacional, Carlos Lacerda: como não conseguiram derrotar Dilma nas urnas em 2014, tentaram impedir sua posse colocando em dúvida a votação eletrônica; uma vez empossada no cargo, tentaram evitar que assumisse, questionando as contas da campanha; e, uma vez assumindo o governo, sabotam o país e fazem de tudo para inviabilizar seu governo” (Jeferson Miola)
Forças mais agressivas também agiram neste dia 19, invadindo e depredando a sede do PT em Belo Horizonte (nesta madrugada, 19) e tirando do ar a página de Facebook do professor e filósofo Renato Janine Ribeiro (que tem mais de 35 mil seguidores na rede).
Por falar em redes, o tal ódio que domina a cena no Brasil vem majoritariamente dos que querem derrubar o regime a qualquer custo, o que é fácil de conferir no Twitter, para dar um exemplo, segue enquete sobre o dia 18.
O sobe e desce de Lula ministro
O jurista Wálter Maierovitch avalia que a decisão liminar do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, contrária à posse de Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil, “está maculada pelo vício da suspeição”. A decisão foi divulgada na noite desta sexta-feira (18).
Segundo Maierovitch, a suspeição se deve ao fato de Gilmar Mendes “ter antecipado o julgamento”: “Ele adiantou o que pensava da ida de Lula para o governo e não se pode dar um juízo de valor fora do devido processo”, apontou o jurista.
A decisão liminar de Mendes agora terá de ser analisada pela segunda turma do STF, à qual ele pertence, junto com os ministros Dias Toffoli, Celso de Mello, Carmen Lúcia e Teori Zavascki. Mendes será o relator natural da matéria.
Ainda não há uma data para que isso aconteça, mas, como se trata de matéria de cunho urgente, deverá ter prioridade na pauta do STF.