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Terça-feira, Novembro 19, 2024

Não se esqueçam de António Guterres

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Colaboração do Núcleo de Investigação Nelson Mandela – Estudos do Humanismo e de Reflexão para a Paz (integrado na área de Ciência das Religiões da U.L.H.T.)

Participámos, há dias, num encontro quantificado pelos temas da Paz, seminário internacional com intervenções de grande qualidade, importantes, dignas de reflexão. Não o destacamos agora pela sua natureza, mas por um episódio, resumido numa das frases proferidas por uma das intervenientes, apontando o dedo a Portugal de um modo delicado e suave, todavia intenso. Éramos o país anfitrião do acontecimento, esclareça-se. “Estou admirada por não ter ouvido, ao longo destes dias, falar de António Guterres, o português que está no topo do mundo e sobre o qual recaem as atenções de tantos milhões de pessoas”.

Pensando bem, não somos muito pródigos nos elogios a quem entre nós se destaca e que esquecemos facilmente, o que merecia um estudo aprofundado do comportamento médio daqueles que somos.

Guterres esteve há dias na República Centro-Africana. Não notámos qualquer movimento jornalístico português em torno da ação do secretário-geral das Nações Unidas quando, afinal, esta visita foi dos principais acontecimentos da semana. Alguns canais de televisão deslocaram jornalistas para a porta de uma clínica espanhola onde nascia a filha de um jogador de futebol. Não soubemos nada de Guterres na sua viagem, mas vimos com pormenor a porta da clínica, fechada e com uma fraca luz de presença acesa ao fim da tarde.

Guterres tem desafiado o mundo para o diálogo. O mundo está emudecido, apesar de gritar de forma ruidosa. E está confuso, cada vez mais inculto e impreparado para os grandes desafios que enfrenta. Entre outros temas prioritários, António Guterres avisa-nos que a “Estratégia de combate ao terrorismo deve privilegiar a defesa dos direitos humanos”.

Sabemos que a defesa dos direitos humanos não é uma simpática metáfora para países ricos. É uma expressão que não faz qualquer sentido para mais de metade da população mundial, mas que se impõe estabelecer como meta para todos.

Declaração Universal dos Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos comemora os seus 70 anos de reação, em 2018. O Núcleo de Investigação Nelson Mandela vai associar-se à evocação. O mundo mudou, nestes 70 anos, e para pior em quase todos os locais. Em 1948, as feridas das guerras mundiais estavam muito abertas. Agora, as feridas quotidianas exigem uma nova política de cooperação internacional e de uma maior prevenção.

É isso que António Guterres tem vindo a repetir.

Há dias, já em Londres, numa palestra organizada pela SOAS University of London – umas das mais prestigiadas do Mundo, a SOAS é a instituição líder mundial para o estudo da Ásia, África e Médio Oriente – falou da urgência de uma “estratégia global inteligente e abrangente de combate ao terrorismo que aborde as causas profundas do extremismo violento”, disse ainda que “o terrorismo moderno está a ser travado a uma escala e a uma extensão geográfica completamente diferentes. Nenhum país pode reivindicar ser imune. Tornou-se numa ameaça sem precedentes para a paz, segurança e desenvolvimento internacionais”.

Aliás, o discurso tinha como título “Luta contra o terrorismo e direitos humanos: vencer a luta preservando os nossos valores”. Para António Guterres são pelo menos cinco as prioridades: maior cooperação internacional; maior prevenção; defesa dos direitos humanos e do estado de direito; combate do extremismo com argumentos inteligentes; e dar voz às vítimas do terrorismo.

No ano passado, disse então António Guterres, registaram-se pelo menos 11 mil ataques terroristas em mais de 100 países, resultando em mais de 25 mil mortes e 33 mil pessoas feridas.

Esquecer o secretário-geral da UNU é esquecer o Mundo. E esquecer o Mundo é anular a memória de cada um de nós.

António Guterres avisa-nos que a “Estratégia de combate ao terrorismo deve privilegiar a defesa dos direitos humanos”

Prioridades de Guterres

1 Maior cooperação internacional

2 Maior prevenção

3 Defesa dos direitos humanos e do estado de direito

4 Combate do extremismo com argumentos inteligentes

5 Dar voz às vítimas do terrorismo

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

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