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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

“Não vamos esquecer – Jamal Ahmad Khashoggi”

Delmar Gonçalves, de Moçambique
Delmar Gonçalves, de Moçambique
De Quelimane, República de Moçambique. Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD) e Coordenador Literário da Editorial Minerva. Venceu o Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro em 1987; o Galardão África Today em 2006; e o Prémio Lusofonia 2017.

Tinha acabado de ver as macabras fotos de um corpo decepado, esquartejado, decapitado e completamente desfeito de um homem; havia-me enviado por mensagem um jornalista que muito respeito e tenho como sério.

Acredito na sacralidade do corpo humano, acredito nos direitos humanos. Houve quem dissesse que era o que sobrava do corpo do jornalista.

Desconheço se o era efectivamente. Mas vi na televisão, a polícia turca a entrar bem equipada (com impermeáveis, máscaras e luvas) nas instalações do consulado Saudita e a sair com caixas. Tal como com o ex. amigo e ex. aliado do senhor Bush, Bin Laden, especula-se que não há corpo e que o mesmo teria sido diluído em ácido dentro do consulado Saudita. Há gravações áudio de tudo o que se passou com Jamal Ahmad Khashoggi; terá havido uma luta corpo à corpo que se descontrolou.

Independentemente dos motivos apresentados pelos assassinos (directa ou indirectamente envolvidos) e as desculpas esfarrapadas e condolências apresentadas pelo herdeiro do trono, o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman, um suposto civilizado e gabado reformista, não bastam.

Não é aceitável que em pleno século XXI situações como esta ainda sucedam. O assassinato político é execrável e completamente inaceitável.

E mais grave ainda, por ter ocorrido dentro de um consulado oficial de um país soberano, islâmico e aliado dos Estados Unidos da América (EUA) no estrangeiro e mais ainda, num estado membro da NATO, num país com o sistema pluripartidário (apesar de todas as limitações que se conhecem) e num país profundamente nacionalista, soberano e maioritariamente islâmico!

Já viram se este “modus operandi” pega moda?

Imaginem um qualquer jornalista, um crítico rebelde (ainda que construtivo), um intelectual, um escritor, ou na pior das hipóteses um opositor considerado “inimigo” a abater por um qualquer regime de mentecaptos do mundo.

Precisa de ir tratar de documentos pessoais oficiais na representação diplomática do seu país de origem. É de confiar que estará em segurança? Segundo consta, Khashoggi  terá ido tratar de uma certidão para o seu casamento com uma cidadã turca e terá sido ela mesmo a dar o alerta à polícia turca, pois ficou a aguardar do lado de fora do consulado.

Que exemplo deram ao mundo?

E os Estados Unidos da América (EUA), dito bastião seguro da democracia pluralista assobia para o lado porque terá um chorudo pacote de armamento para vender e o negócio tem que ser irremediavelmente feito e esquecido, e  arquivado este caso hediondo?

Que mundo abominável estamos nós a construir? Para onde caminhamos?

Esperamos sinceramente que o que se passou logo a seguir nos Estados Unidos da América (EUA) com as cartas bomba artesanais enviadas à CNN, ao senhor Barack Obama e à senhora Hillary Clinton não tenham sido apenas uma estratégia para desviar as atenções deste caso “Horribilis” que vai indiscutivelmente marcar o século XXI para todo e sempre!

A Turquia gritou e calou-se e os Estados Unidos da América (EUA), condenaram e depois calaram-se.

Nós não nos devemos calar nem esquecer! Foi uma vergonha para todo o ser humano.

Que não se repita jamais!!!


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