Com açúcar, com afeto é uma canção do compositor brasileiro Chico Buarque (1966), feita por encomenda de Nara Leão que “…queria uma música que falasse dessas ternuras de mulher.”
A música fala de uma mulher submissa, sofredora, “…que espera conformada e carinhosa o seu homem voltar do samba e do bar.”
Ainda bem que esse conformismo das mulheres tem sido superado aos longo das décadas.
Com açúcar, com afeto foi a primeira canção em que Chico Buarque interpreta o feminino, talento que se tornaria uma marca registrada do compositor.
Com açúcar, com afeto
Chico Buarque de Hollanda /1966
Intérprete: Nara Leão
Com açúcar, com afeto
Fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa
Qual o quê
Com seu terno mais bonito
Você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é operário
Sai em busca do salário
Pra poder me sustentar
Qual o quê
No caminho da oficina
Existe um bar em cada esquina
Pra você comemorar
Sei lá o quê
Sei que alguém vai sentar junto
Você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias
De quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo
Sei que alegre ‘ma non troppo’
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo
Vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa
Você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão
Qual o quê
Diz pra eu não ficar sentida
Diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado
Maltrapilho e maltratado
Ainda quis me aborrecer
Qual o quê
Logo vou esquentar seu prato
Dou um beijo em seu retrato
E abro meus braços pra você
Fonte: Centro de Memória Sindical | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial Rádio Peão Brasil / Tornado