Levantamento também apontou que 46% dos negros tiveram sua raça/cor expressamente mencionada pelos policiais durante a ação, contra 7% entre brancos.
Pesquisa feita nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo e lançada nesta quinta-feira (21) explicita, novamente, uma das facetas mais cruéis do racismo institucional: pessoas negras têm 4,5 vezes mais chances de sofrerem abordagem policial do que brancas.
Realizado pelo Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD) e o Data_Lab, o levantamento — intitulado “Por que eu?” — mostra que oito em cada dez pessoas negras já foram paradas por agentes de segurança pública, número que cai para a proporção de duas em cada dez entre os brancos.
Além disso, dentre os que declararam ter sido abordados mais de dez vezes, entre os negros o percentual foi de 19%, frente a 8,5% dos brancos. Outro dado importante que demonstra o grau de racismo entranhado entre os agentes: 46% dos negros tiveram sua raça/cor expressamente mencionada pelos policiais durante a ação, percentual que cai para 7% entre brancos.
Igualmente grave é que a grande maioria das pessoas negras, 89%, relatou ter sofrido algum tipo de violência física, verbal ou psicológica. E 42% de negros contra 35,6% disseram ter suas partes íntimas tocadas.
Segundo colocado pela pesquisa, “pessoas negras foram vítimas de agressões físicas, verbais e psicológicas (respectivamente, 8,8%; 17,2%; e 24,7%) em maior proporção do que pessoas brancas (6%; 14,1%; e 18,5%), além de serem assediadas moralmente (18,9% ante 13%) e ameaçadas (3,3% contra 2,2%) também em frequência maior”.
A pesquisa também apontou que 83,8% dos brancos e 87,5% dos negros nunca foram conduzidos à delegacia, um alto grau de abordagens a partir de suspeitas infundadas.
De acordo com Paulo Mota, coordenador de dados do data_labe, responsável pela metodologia do estudo, as informações colhidas “mostram que o policiamento ostensivo se distribui e se concentra desigualmente quando considerados os diferentes grupos raciais, havendo maior vigilância e controle sobre a população negra”.
A pesquisa ouviu 1.018 pessoas entre maio e junho de 2021, no Rio de Janeiro (510) e em São Paulo (508).
por Priscila Lobregatte | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado