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Sexta-feira, Dezembro 20, 2024

Netanyahu explora o Holocausto para brutalizar os Palestinianos

Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira
Médica Especialista em Saúde Publica e Medicina Tropical. Editora na "Escrivaninha". Autora e ilustradora.

Leu “O Exodus” ou o “Mila 18”? Leu Leon Uris? (1924-2003)

Benjamin Netanyahu não inventou a ideia de utilizar o Holocausto para obter ganhos políticos. No entanto, como tantas outras coisas na política israelita atual, ele utiliza essa arma/ferramenta até ao gume. Tal como o fizeram para sua defesa pessoal os prisioneiros que transformavam colheres em afiadas facas para defesa pessoal e para ataque às sentinelas alemãs.

Segundo o Jornal israelita Haaretz, o primeiro-ministro de Israel pretende explorar o Quinto Fórum Mundial do Holocausto, marcado esta semana em Jerusalém para lembrar os 75 anos da libertação de Auschwitz pelo Exército Soviético. Explorar como? Tentando apagar a decisão do Tribunal Penal Internacional de investigar crimes israelitas sobre os Palestinianos, reféns de um território que também lhes foi prometido.

O que foi o Campo de Auschwitz

De 1 milhão e 300 mil pessoas enviadas para Auschwitz, morreram 1 milhão e 100 mil.

O número de mortos inclui 960.000 judeus (865.000 dos quais foram gaseados na chegada), 74.000 polacos não judeus, 21.000 ciganos, 15.000 prisioneiros de guerra soviéticos e 15.000 outros europeus.

Os que não foram gaseados morreram de fome, exaustão, doença, execuções individuais ou espancamentos. Outros foram mortos durante experimentos médicos efectuados pelo Dr Mengele.

Quando o Exército Vermelho Soviético se aproximou de Auschwitz em janeiro de 1945, no final da guerra, as SS enviaram a maior parte da população do campo para o oeste. Marcha da morte para campos na Alemanha e na Áustria. As tropas soviéticas entraram no campo em 27 de janeiro de 1945, um dia comemorado desde 2005 como Dia Internacional da Memória do Holocausto. Nas décadas seguintes à guerra, sobreviventes como Primo Levi, Viktor Frankl e Elie Wiesel escreveram memórias de suas experiências em Auschwitz, e o campo se tornou um símbolo dominante do Holocausto.

Quinto Fórum Mundial do Holocausto

Terá intervenções dos presidentes da Rússia, França, Alemanha e do vice-presidente dos Estados Unidos da América, ou seja das quatro potências que derrotaram o regime nazi.

Para somar às ferramentas da insólita interpretação da libertação de Auschwitz, que é agora reivindicada pela Rússia e pela Polónia, o que não dá grande lustro às comemorações do encerramento do campo de extermínio nazi.

Quanto à interpretação sobre o papel da Rússia Soviética e da Polónia, diz Vladimir Putin: ‘Conhecemos a verdade histórica’.

Israel Katz, que é considerada uma persona non grata na Polónia depois de acusar os polacos de anti-semitismo, diz que os israelitas “sabem exatamente quem libertou” os judeus.

 

Quem é Yisrael Katz

É o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, e foi ele quem disse ao presidente russo Vladimir Putin na quinta-feira que, em relação ao desacordo histórico,” Nós, como aqueles que foram libertados, sabemos exatamente quem nos libertou.”

Andrzej Duda, Presidente polaco pede para que se acabe com a distorção do holocausto.

Netanyahu convida os líderes mundiais com a intenção de obter apoios para a subtil posição de força de Israel que considera que o Tribunal Penal Internacional Haia não tem jurisdição nos territórios palestinianos ocupados. Netanyahu, uma raposa velha e matreira, 48 horas depois do promotor da CCI Fatou Bensouda anunciar no mês passado, após cinco anos de exame preliminar, que está pronto para abrir uma investigação sobre possíveis crimes de guerra na Cisjordânia e Gaza, enquanto aguarda uma decisão judicial da CCI sobre jurisdição.

 

Quem é Fatou Bensauda

É uma advogada da Gâmbia e promotora de justiça criminal internacional. Procuradora-chefe do Tribunal Penal Internacional desde Junho de 2012, depois de ter sido vice-promotora responsável pela Divisão de Processos do TPI desde 2004 e ter sido Ministra da Justiça da Gâmbia, onde desempenhou um papel central nos primeiros anos do regime do presidente ditador da Gâmbia, Yahya Jammeh, sendo escolhida como procuradora geral e consultora jurídica após seu golpe de 1994 em 1996. Foi Ministra da Justiça em agosto de 1998 e, honra lhe seja, demitida em março de 2000. O governo de Jammeh tinha sido denunciado por desrespeito aos direitos humanos, sendo considerado uma das “piores ditaduras do mundo”. Foi elogiada por grupos de defesa dos direitos humanos pela rápida acusação de crimes contra mulheres e crianças.

Fatou Bensouda, anunciou na semana passada a intenção de investigar crimes de guerra israelitas, tinha visitado Israel há vinte anos para participar de uma conferência patrocinada pelo governo, sublinha o The Times of Israel. De facto, em outubro de 1998, Bensouda, que acabara de ser nomeada ministra da Justiça de seu país natal, a Gâmbia, participou na altura num seminário para mulheres líderes de todo o mundo organizado pela Mashav, a Agência de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento do Ministério das Relações Exteriores, em Haifa.

O The Times of Israel tenta desacreditar a jurista da Gâmbia, insinuando que ela muda de campo conforme as conveniências.

Li muitos dos livros que foram publicados por prisioneiros de campos de concentração nazi. Li leon Uris, li Anne Frank, li muitos outros. De todos estes livros retirei a impressão, o sentimento, de que aqueles que escaparam à morte e foram libertados depois da II guerra terminar, estavam muito doentes, e tinham todos os sintomas de depressão grave, de confusão mental, de desenraizamento.

Não eram todos judeus e dentre aqueles que o eram havia os crentes e os ateus, aqueles que nem rezar sabiam.

Amalgamados e mal amados, desumanizados, muitos aceitaram a ideia de que Israel seria um futuro livre de horrores.

Na minha opinião caíram numa armadilha. E para Israel transportaram a angústia, o medo, a falta de raízes, toda uma confusão mental e cultural que foi criar Kibbutz.

Uma tragédia que não faz justiça ao Holocausto, antes o prolonga.

E Benjamin Netanyahu é cúmplice do campo de extermínio em que se tornou a Palestina.

Kapo Benjamin Netanyahu. Suspeito de corrupção esbraceja ainda.


Por opção do autor, este artigo respeita o AO90


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