Impõem-se, desde logo, a reflexão a propósito da possibilidade da origem das necessidade e dos desejos humanos estarem para além, e porque não dizê-lo aquém, da mera excitação visível no cérebro humano.
Schopenhauer veio afirmando que o homem pode, é certo, fazer o que quer, mas não pode querer o que quer, obrigando deste modo à reflexão a propósito das circunstâncias que se afiguraram para além da simples condição físico-química do cérebro. Tal constatação realça a urgência de um novel universo de possibilidades para o marketing.
Pierre Buser falou-nos das mil faces do inconsciente, afirmando que o cérebro funciona no modo involuntário.
Ainda que de uma forma superficial, o neuromarketing revelou um mundo demasiado complexo, trazendo de volta a necessidade de uma abordagem mais íntima às questões relacionais, ante a constante tensão entre impulsos eléctricos cerebrais, necessidades e desejos humanos. Estas circunstâncias, ao se afigurarem como não exclusivas da área comportamental, radicam-se, necessariamente, ao nível das mais subtis competências, ou seja, para além da simples condição biológica do ser humano, levantando a questão do impulso originário/ancestral por traz de toda a motivação humana.
Ora, ao imaginarmos um homem que é mais do que fluxo sanguíneo, ou impulsos eléctricos, o neuromarketing apresenta-se como uma ferramenta falha, não de atributos ou argumentos, mas de completude.
Pessoalmente continuo a partilhar das mais elevadas expectativas no que ao neuromarketing diz respeito, contudo vejo novos desafios e limitações, bem mais do que novas certezas.
Adaptação de um artigo publicado originalmente pelo autor na revista Época Negócios | Brasil