Pensar que será possível encontrar no cérebro humano um “buy button” tem-se manifestado um esforço inconclusivo, atirando-nos para a necessidade de uma abordagem mais abrangente quando pensamos o comportamento do consumidor.
Ante uma mecânica, uma tensão biológica e impulsos físico-químicos, necessidades e desejos, o neuromarketing dá-nos, simplesmente, a ínfima parte do resultado de um jogo de que desconhece as regras.
O diagnóstico resultante do neuromarketing inscreve-se no âmbito de aplicação do “fazer o que quer” de que nos falava Schopenhauer, mas, muito dificilmente poderá o neuromarketing certificar maior conhecimento sobre um homem incapaz de “querer o que quer”. Afinal, o diálogo mente-cérebro-consciência é um entre os muitos níveis da dimensão humana. Depois, há o mais velho desafio lançado – desde sempre – à ciência: onde encontrar a mente humana?
Vou-lhe contar uma coisa. Ninguém sabe. Sabemos apenas que existe “algo” a que chamamos mente. E a ciência? É cautelosa. Oferecendo a cada ano novas perspectivas.Resta-nos a inteligência, a consciência e a razão, pensarão alguns…
Para além das referidas limitações deveremos refletir a propósito da ideia de Ray Jackendorf, segundo a qual, o essencial da nossa inteligência não está associado à consciência. Ainda, segundo o prémio Nobel Gerald Edelman não existem neuromecanismos com uma linguagem que consiga explicar o que é uma experiência consciente, indo mesmo mais longe ao asseverar que a capacidade da consciência não tem de ter vida “terrena”, pelo que existe a possibilidade de futuramente se poder criar uma consciência artificial. Ou, até dela existir por si própria em outras dimensões.
Concluindo, há mais vida e consumo, para além do cérebro. A ser assim voltamos á casa da partida…
Adaptação de conteúdos publicados originalmente pelo autor na revista Época Negócios (Brasil)