Como hoje é o Dia Internacional de Luta Contra a Tortura, seis canções para celebrar a vida, a paz, o amor e a luta por um mundo sem tortura, sem ódio, sem preconceitos, sem violência, sem balas perdidas, encontradas em corpos negros, sem femincídio, sem genocídio da juventude negra, com respeito às terras indígenas, aos trabalhadores da cidade e do campo, aos direitos sociais e individuais. Respeito à diversidade humana.
Canções que cantam as dores, os amores e a vontade de suplantar todos os males que afligem principalmente as mulheres, os povos indígenas, os negros, os LGBTQIA+, os pobres. Essencialmente quem vive do trabalho e está sem trabalho por falta de responsabilidade de um governo que não faz nada. Aliás só insufla o ódio, a ignorância e a violência contra quem pensa.
Já passa da hora de dar um basta a tudo isso. Para o canto ser livre e voltado para a transformação do mundo em um lugar onde todas as pessoas vivam, sorriam e possam ir e vir em segurança e em paz. Chega de cale-se.
Francisco, el Hombre
O grupo paulista Francisco, el Hombre é um dos destaques da música popular brasileira contemporânea. Mistura sons latino-americanos com a música brasileira e o rock. Sempre voltado para as questões políticas e sociais.
“Triste, louca ou má
será qualificada
ela quem recusar
seguir receita tala receita cultural
do marido, da família.
cuida, cuida da rotinasó mesmo rejeita
bem conhecida receita
quem não sem dores
aceita que tudo deve mudarque um homem não te define
sua casa não te define
sua carne não te define
você é seu próprio larque um homem não te define
sua casa não te define
sua carne não te defineela desatinou
desatou nós
vai viver sóeu não me vejo na palavra
fêmea: alvo de caça
conformada vítimaPrefiro queimar o mapa
traçar de novo a estrada
Ver cores nas cinzas
E a vida reinventar.e um homem não me define
minha casa não me define
minha carne não me define
eu sou meu próprio larela desatinou
desatou nós
vai viver só”
Triste, Louca ou Má (2016), de Vivien Carelli; canta: Francisco, el Hombre
Marcos Brey
O mineiro Marcos Brey está na estrada há 20 anos. Voltado para o rock, ele mistura esse gênero com sons regionais de Minas Gerais. Brey busca uma simbiose entre os anseios sociais e individuais para mostrar que todas as pessoas são especiais, mas ninguém vive só.
O seu álbum mais recentes “Luzir” será lançado neste sábado (26), em uma live, às 20h no seu canal do YouTube: https://youtu.be/61BP0E_Izs8 Vale conferir.
“Que dia vou te ver sonhar de novo?
Que dia vou te ver sorrir?Quantas pedras estão?
Quão pesado está?
Uma formiga na multidão
O pensar e o ouvirA vida amarga eu sei
Mas em nós há o doce
Um dia de cada vez
Um passo longo ao mêsQuantas pedras estão?
Quão pesado está?
Uma formiga na multidão
O pensar e o ouvir”
Esperança (2021), de Marcos Brey
Joana Duah
A brasiliense Joana Duah começou sua carreira no grupo Maskavo Roots, em 1993. Depois integrou o grupo Batacotô. Viveu nos Estados Unidos por alguns anos e retornou ao Brasil em 2004, partindo para carreira solo.
Seu trabalho é voltado para a bossa nova. Já se apresentou com João Bosco, Rosa Passos, Jorge Benjor, Ivan Lins, Simone, Gilberto Gil, Dominguinhos, Guinga, Roberto Menescal, e Dionne Warwick, entre outros.
Dá Licença (2007), de Joana Duah
Metallica
A banda estadunidense Metallica formou-se em 1981. Seu trabalho é contundente com um som pesado e poesias ácidas. É uma das mais importantes bandas de heavy metal do planeta.
“Durma com um olho aberto
Segurando seu travesseiro firme
Sai a luz
Entra a noite
Pegue minha mão
Nós vamos para a Terra do NuncaAlgo está errado, apague a luz
Pensamentos pesados esta noite
E eles não são com a Branca de Neve
Sonhos com guerras, sonhos com mentirosos
Sonhos com fogo do dragão
E com coisas que vão morder
Sim”
Entre Homem de Areia (Enter Sandman, 1990), de James Hetfield, Kirk Hammett e Lars Ulrich
Legião Urbana
Como uma das principais bandas de rock brasileiro, a Legião Urbana existiu de 1982 a 1996, quando o seu vocalista e líder, Renato Russo morreu. Não tinha mais sentido manter o trio brasiliense.
Uma mistura de sons com predominância do rock e as poesias de Renato marcam a vida de gerações. O grupo jamais será esquecido.
“Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?No Amazonas, no Araguaia iá, iá
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, Minas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é esse?
Terceiro mundo, se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão
Que país é esse?”
Que País É Esse? (1987), de Renato Russo; canta Legião Urbana
Chico Buarque e Gilberto Gil
Para se contrapor à todas as formas de tortura, não poderia faltar “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil, que completa 79 anos neste sábado (26). Essa canção foi proibida pela ditadura por cinco anos. Liberada em 1978, foi gravada por Chico e Milton Nascimento, com participação do MPB4.
Permanece atual como um clamor por liberdade, por respeito à todas as pessoas e à vida.
Cálice (1973), de Chico Buarque e Gilberto Gil
Texto em português do Brasil