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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

No sábado (20), negras e negros marcham pelo Fora Bolsonaro e por igualdade

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

O Dia da Consciência Negra – 20 de novembro – deste ano será unificado com a palavra de ordem Fora Bolsonaro Racista. Em todo o país a Coalizão Negra por Direitos e a Convergência Negra se unem à Campanha Nacional Fora Bolsonaro.

“O racismo estrutura as relações de desigualdade no Brasil e a população negra é a vítima preferencial do caos social e sanitário brasileiro, sendo a que mais sofre com as doenças, o desemprego, a violência e a fome”, diz trecho da convocação para os atos do sábado (20) em todo o país.

Com o movimento sindical e com os movimentos sociais, as marchas da consciência negra se espalham pelo Brasil contra o racismo e pela construção de uma sociedade baseada no respeito à dignidade das pessoas, nos direitos humanos e com valorização do trabalho.

“O movimento antirracista faz parte da luta da classe trabalhadora por seus direitos, por trabalho decente e pela democracia”, afirma Lucimara da Silva Cruz, secretária de Promoção da Igualdade Racial da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Por isso, “vamos para as ruas marchar por igualdade de direitos, pelo fim do genocídio da juventude negra” e “para mostrar à sociedade que o país não aguenta mais Jair Bolsonaro na Presidência”, está na hora, complementa Lucimara, “do país retomar o rumo do desenvolvimento com valorização da trabalhadora e do trabalhador, verdadeiros produtores da riqueza do país”.

Por si ´só, “o reconhecimento desse dia de homenagem a um herói negro, em si só, constituiu-se em uma vitória da luta do movimento antirracista”, argumenta Lucimara.

Para ela, “a retirada da invisibilidade de uma luta empreendida pelos negros sequestrados da África para servir no Brasil como mão de obra escrava já significa um passo importante rumo a uma sociedade sem racismo”. Mas “precisamos ir além”.

Com todas as lutas e campanhas do movimento negro, somente em 2011, a Lei 12.519 instituiu oficialmente o Dia da Consciência Negra. E o 20 de novembro foi escolhido para homenagear Zumbi, morto nessa data em 1695, último líder da República dos Palmares, o quilombo mais longevo e conhecido de nossa história.

Mesmo sendo 56% da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menos de 18% dos parlamentares são negros. A discriminação persiste no mercado de trabalho e menos de 30% dos cargos de gerência são ocupados por negras e negros, que também ganham a menos que os brancos, têm as piores condições de trabalho e de moradia. As mulheres negras ganham menos da metade do que ganham os homens brancos e trabalham em situação totalmente precária.

Por isso, a sindicalista e ativista entende como fundamental revigorar campanhas pelo fortalecimento das cotas sociais e raciais nas universidades. “As cotas são essenciais para que a juventude negra tenha no futuro as mesmas oportunidades que os jovens brancos”.

Até no processo de mudanças no trabalho, a população negra sofre mais os impactos do desmonte dos direitos trabalhistas promovido por Michel Temer e aprofundado por Bolsonaro.

Portanto, “urge pensarmos sobre a centralidade que o trabalho adquire na vida cotidiana e contemporânea, não apenas no aspecto econômico, mas como atividade mobilizadora de energias e produtora de identidades, incluindo dimensões que ficaram distantes dos interesses predominantes, como a cultura, a subjetividade, o gênero e a raça”, conclui Lucimara.

Por isso, a hashtag #20NForaBolsonaroRacista deve dominar toda a internet para “impulsionarmos a nossa luta pela construção de um país mais justo, igualitário e humano”, define.


Texto em português do Brasil

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