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Domingo, Dezembro 22, 2024

Nobel da Paz 2018 premia ativistas que lutam contra a violência sexual

A ativista Yezidi Nadia Murad e o médico congolês Denis Mukwege receberam o prêmio Nobel da Paz de 2018, nesta sexta-feira (5), por seus esforços para “acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra”. Para a presidenta da União Nacional das Mulheres (UBM), Vanja Santos, o Prêmio dá visibilidade para um crime que é cometido há milênios e que até hoje não foi solucionado. Ela disse ainda que Nadia é um ícone de resistência e de luta contra esse tipo de crime.

A ex-escrava sexual do grupo extremista Estado Islâmico Nadia Murad e o médico ginecologista Denis Mukwege ganharam o Prêmio Nobel da Paz 2018 por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como arma de guerra e conflito armado.

Denis Mukwege

(63 anos) passou grande parte de sua vida adulta ajudando as vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo, na África, e lutando por seus direitos. Ele e sua equipe trataram cerca de 30 mil vítimas desses ataques, desenvolvendo grande experiência no tratamento de lesões sexuais graves. Conhecido como “doutor milagre”, ele é um crítico feroz do abuso de mulheres durante guerras e descreveu o estupro como uma “arma de destruição em massa”.

Nadia Murad

(25 anos) luta pelos direitos humanos da minoria yazidi e sobreviveu a três meses de escravidão sexual perpetrada pelo grupo extremista “Estado Islâmico” (EI) no Iraque, em 2014. Ela é uma de estimadas 3 mil meninas e mulheres yazidis que foram vítimas de estupro e outros abusos cometidos pelo EI. Murad demonstrou “coragem fora do comum ao relatar seus sofrimentos”, afirmou o comitê.

O Nobel da Paz de 2018 tem como objetivo enviar uma “mensagem de conscientização, de que as mulheres precisam de proteção e de que agressores devem ser processados e responsabilizados por suas ações”, declarou a presidente do Comitê Norueguês do Nobel, Berit Reiss-Andersen.

Em entrevista ao PV, Vanja Santos, presidenta da União Nacional das Mulheres (UBM), disse que o Nobel de 2018 dá visibilidade para um crime que é cometido há milênios e que até hoje não foi solucionado.

Eu vejo como uma forma de dar visibilidade para um crime que é cometido há milênios e que a gente vem buscando uma forma de solucionar. A Nadia, uma sobrevivente desse tipo de crueldade, é um ícone de resistência e de luta contra esse tipo de crime. Ao ser premiada por essa luta, ela nos mostra que a gente está rumando para o fim dessa barbárie”.

São pequenos passos que a gente vai adotando para enfrentar esse tipo de problema, pois dando visibilidade diminuímos até que ele seja extirpado porque nós não podemos pensar uma sociedade que pune as mulheres. O mundo é machista, a guerra é machista e acreditamos que com atos como esse, ações como essa, vamos conseguir vencer e construir um mundo de igualdade”.

Para ela, é preciso fazer o enfrentamento de todas as formas. “Mais do que nunca as mulheres estão se unindo. Uni-vos, e uni-vos junto aqueles homens que querem travar essa luta conosco para que a gente possa construir uma sociedade mais justa, mais igualitária que livre a mulher de todas essas violências que são propagadas pela cultura e pela sociedade machista que a gente vive”, finalizou a presidenta da UBM.

 

Por Verônica Lugarini  |  Texto em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

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