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Domingo, Abril 27, 2025

Notícia da TVI e falta de apoio do BdP determinantes para resolução do Banif

Luis_Amado
Luís Amado, ex-presidente do Banif, revelou hoje na comissão de inquérito ao banco, que a importância da notícia da TVI para a resolução daquela entidade bancária “não pode ser escamoteada”, adiantando ainda que “o banco sentiu-se apoiado pelo Governo, mas o BdP demorou a reagir”.

Na terceira sessão da comissão de inquérito ao Banif, o antigo ministro reconheceu que a notícia da TVI, de 13 de Dezembro de 2015, acerca do fecho do banco, provocou uma fuga de depósitos. Por outro lado, continuou Amado, “divergências entre os vários responsáveis” do banco, do Governo e do Banco de Portugal contribuíram para a resolução do Banif.

 

Falta de cooperação começou a sentir-se no início de 2015

O presidente não-executivo, entre Março de 2012 e a resolução do Banif, lamentou o fim do banco, confessando ter ficado com a “sensação de morrer na praia”. Luís Amado revelou ter-se empenhado a fundo no processo de reestruturação do banco, que não terá tido a cooperação de todos os intervenientes, numa altura crítica do processo.

“Em plena campanha eleitoral, em plena situação de vazio político criado pela transição entre um governo e outro governo, naturalmente a Direcção-Geral da Concorrência europeia impôs as suas regras, e o desenvolvimento do processo de reestruturação foi efectivamente posto em causa”, desvendou o responsável.

“A partir desse momento, o banco entrou numa séria crise de confiança, e, como aqui foi dito, uma notícia precipitada e absolutamente inimaginável agudizou ainda mais a situação”, acrescentou.

Para Luís Amado, era essencial a aprovação do último plano de reestruturação do Banif pela Direcção-Geral da Concorrência, algo que não aconteceu devido a uma conjugação de factores conjunturais. A cooperação entre o Governo de Passos, o BbP e a administração do Banif, que para Amado, era excelente até finais de 2014, “deixou de ter a mesma consistência” em 2015.

 

Resolução do BES teve influência no desfecho final do Banif

Acontecimentos como a resolução do BES e a mudança de titulares nas várias entidades envolvidas terão sido, para o ex-presidente do banco, igualmente determinantes para o desfecho da situação, com especial destaque para o problema do BES, que terá tido um impacto financeiro directo de 119 milhões de euros.

Luís Amado corroborou a opinião manifestada por Jorge Tomé na segunda sessão da comissão de inquérito, reforçando que a capitalização do Banif “foi uma decisão do Estado, assumida pelo Governo e pelo Banco de Portugal, num contexto muito particular do país, em circunstâncias muito específicas”.

Para o antigo governante, terá havido, após essa recapitalização de 1,1 mil milhões de euros, uma “convergência de vontade” entre a entidade bancária e o Estado, que terá esmorecido em 2015 e contribuído para a resolução do banco.

Luís Amado é o terceiro a ser ouvido na comissão de inquérito, depois de Marques dos Santos, ex-administrador, e Jorge Tomé, antigo presidente, os primeiros a responder às perguntas dos deputados.

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