A Humanidade vai criar novos tipos de empregos, antes que a inteligência artificial os “roube” aos seres humanos. Assim o afirma a IDG Connect, membro da International Data Group, uma multinacional de media tecnológico, que analisou a situação corrente mundial em termos de avanços tecnológicos e emprego.
Recuando aos anos de 1930, John Maynard Keynes, economista e autor da corrente de pensamento económica conhecida como keynesianismo, afirmava que iriam acontecer nas décadas seguintes evoluções tecnológicas massivas, no seu ensaio “Possibilidades Económicas para os Nossos Netos”.
Keynes acreditava que as pessoas iriam trabalhar menos horas por semana: a estimativa era de 15 horas semanais. Em 2008, já no século XXI, um artigo do jornal britânico The Guardian afirmou que Keynes se enganou neste ponto. “Os standarts crescentes do estilo de vida não levaram à decisão pessoal de que se pode satisfazer as nossas necessidades materiais através de uma semana de trabalho menos pesada”.
A editora da IDG Connect, Kathryn Cave, escreve que “o progresso tecnológico significa que trabalhamos mais”. “Parece que não há um mês que passe sem que se divulgue um estudo sobre as horas de trabalho extra que não são pagas, especialmente no Reino Unido e EUA. No entanto em que é que são gastas estas horas extra não-pagas? Certamente com coisas que teriam sido totalmente impensáveis para os nossos antepassados”, escreve Kathryn Cave. A autora cita ainda o cientista Moshe Vardi, que acredita estar na altura da sociedade se questionar: “se as máquinas são capazes de fazer quase tudo o que os humanos fazem, o que farão os seres humanos?”
A autora pergunta-se como é que este dilema é diferente do passado e sublinha que sempre houve um certo nível de desemprego. Mas, apesar da maioria dos empregos “antigos” estarem totalmente obsoletos, a sociedade ainda assim avançou e inventou novos tipos de trabalho. “É por isso que a noção de que a Inteligência Artificial vai roubar todo o nosso emprego me parece uma falácia”, defende Kathryn Cave. “Claro que alguns empregos vão desaparecer mas outros vão emergir para tomar o seu lugar”.
A autora do artigo lembra que o trabalho tem evoluído desde há séculos, desde o dia em que o ser humano deixou de ter de passar um dia inteiro à procura de comida, e que isso trouxe tempo livre; mesmo assim a Humanidade sempre soube inventar formas de ocupar esse tempo livre. Além disso, o grupo de pessoas que consegue viver “às custas da sociedade” sem fazer algo útil têm uma reacção muito negativa no conjunto da mesma.
Por isso, acrescenta a autora, “mesmo que não exista ‘trabalho real’ disponível – e discutivelmente não tem havido por décadas – o truque é inventar algo. Pessoalmente, não consigo ver esta tendência acabar tão cedo. Parece demasiado fundamental”, conclui Kathryn Cave.