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João de Sousa

Sábado, Novembro 2, 2024

O acordo-despedida de Deltan Dallagnol

Momentos excepcionais são pródigos em produzir figuras caricatas, patéticas.

O emérito Conselho Nacional do Ministério Público arquivou as inúmeras representações contra o procurador-chefe da Lava Jato em Curitiba. Algumas semanas depois, Deltan Dallagnol pediu o afastamento da função.

Coincidência? Tudo indica que foi um belo acordão, feito por gente profissional, daqueles de causar inveja em Eduardo Cunha. Tentaram esconder uma anta debaixo do tapete da sala. Ninguém percebeu?

Momentos excepcionais são pródigos em produzir figuras caricatas, patéticas. Costumam conduzir ao estrelato efêmero tipos medíocres, sem nenhum preparo intelectual, insignificantes abestalhados pelas luzes das câmeras. O roteiro é sempre o mesmo. Quando perdem a serventia saem enxotados pela porta dos fundos.

Rodrigo Janot, o mentor e criador desta excrescência, acabou sua carreira num boteco “fantasiado de Charles Bronson”.  Foi fotografado “escondido” atrás de um engradado de cerveja conspirando com o advogado da JBS. Não satisfeito, resolveu lacrar sua sepultura com um dos “livros-suicidas” mais ridículos já produzidos no país.

Deltan parece ter dosado mais sua “embriaguez midiática”. Mas deve ter sido duro para um personagem tão vaidoso, uma espécie de “Robin da refundação da República”, ver a luz se apagando e o diretor dispensando-o do set de gravações.

O dia da apresentação do PowerPoint entrou para a história como o dia da vergonha do Ministério Público Federal. Uma peça abjeta, nojenta, um panfleto odioso produzido por políticos, por ativistas ideológicos travestidos de representantes de uma instituição de Estado.

Provas? Há inúmeras contra Dallagnol e sua trupe. Contra Lula, goste-se ou não do ex-presidente, apenas infâmias que envergonham dez entre dez juristas renomados.

É impressionante que o “órgão de controle” do Ministério Público não tenha visto o outdoor pago pelos “intocáveis de Curitiba”. Verdadeiros fariseus impunes disfarçados de justiceiros mequetrefes.

Por que a corporação não regula e pune os seus? Corporações defendem os direitos das corporações, os interesses das corporações e, no limite, protegem com a “aposentadoria discreta” a corporação. Por mais que Augusto Aras quisesse o fígado de Dallagnol, como ficaria a imagem dos “colegas” se punissem o famoso “Torquemada”?

O desfecho não chega a ser uma novidade. A CIA cansou de usar criminosos e oportunistas como operadores de suas ações na América Latina. Ao final, limpar a sujeira faz parte do script. Com o “grand finale”, Dallagnol se junta a Janot e Moro, o trio que demoliu a política nacional, destruiu nossa economia e conduziu ao Palácio do Planalto o obscurantismo miliciano.  Sonharam com o glamour e acabaram enxotados pelos cães da extrema-direita. Vamos combinar, não é para qualquer um.


por Ricardo Cappelli   |    Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV (Cebrapaz) / Tornado

 

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