Igreja católica submersa em escândalo de pedofilia
Um dos principais candidatos ao Melhor Filme da 88º edição dos Óscares da Academia de Hollywood revela a investigação jornalística que permitiu denunciar os casos de pedofilia envolvendo perto de uma centena de sacerdotes da igreja católica em Boston, num escândalo de enormes proporções que alastrou um pouco por todo o mundo. Ao fim e ao cabo, um caso sobre o papel do jornalismo que verifica factos e fontes e não publica rumores pelo simples prazer da cacha jornalística e do perfume de escândalo.
Corria o ano de 2001, antes ainda de 11/9, quando um grupo de jornalistas do Boston Globe dedicado à investigação, decide ultrapassar as costumeiras reticências e apurar as suspeitas, conhecidas por muitos, envolvendo abusos sexuais de padres católicos da paróquia local com diversos jovens de comunidades desfavorecidas. Tom McCarthy, que nos havia dado os irrepreensíveis e singulares A Estação (2003) e O Visitante (2007) destapa agora as práticas costumeiras escondida atrás da sotaina eclesiástica. O elenco é de primeira água, com Mark Ruffalo, no papel de um jornalista fogoso pela notícia, de origem portuguesa, Michael Keaton (nomeado o ano passado ao Melhor Actor por Birdman) como o responsável pela equipa Spotlight e ainda a sempre competente Rachel McAdams, a defender a qualidade da investigação.
Naturalmente que um caso como este nos traz à memória do badalado affaire Casa Pia, embora com outra classe de protagonistas, mas também, ou sobretudo, o magnífico El Club, do chileno Pablo Larraín, precisamente sobre a solução que o Vaticano encontrou para afastar nos membros prevaricadores, forçando-os a um retiro forçado e bem longe das comunidades visadas.
Um filme importante não só pela causa que defende, bem como pelos valores éticos de um jornalismo que parece (quase) em vias de extinção, isto numa altura em que muitos órgãos de comunicação social fecham em virtude da nova vaga do jornalismo individual. E é sempre bom sinal quando um filme nos faz recordar o entusiasmo jornalístico de Os Homens do Presidente, de Alan J. Pakula, em 1976, a propósito do escândalo de Watergate, ou mesmo O Informador, de Michael Mann, em 1999, sobre o processo que colocou no banco dos réus as tabaqueiras americanas.
Ao Caso Spotlight voltaremos quando o filme estrear por cá no dia 28 de Janeiro.
Data de estreia de outros prováveis candidatos:
- Anomalisa, 21 de Janeiro
- Brooklyn, 7 de Janeiro
- Carol, 4 de Fevereiro
- Inside Out – Divertida-Mente, 18 de Junho
- Mad Max: Estada da Fúria, 14 de Maio
- A Ponte dos Espiões, 26 de Novembro
- Room, 24 de Março
- Star Wars – O Despertar da Força, 17 de Dezembro
- The Big Short, 14 de Janeiro
- The Revenant: O Renascido, 21 de Janeiro
[…] se falar no filme que venceu o Óscar de Melhor Filme, O Caso Spotlight (leia aqui a crítica) , terá de se mencionar as centenas de casos de pedofilia que farão corar a igreja […]