O que foi o ex-libris da Art Deco em Bruxelas – o edifício Résidence Palace – já vastamente vandalizado quando, depois de arrasado o Mosteiro do Berlaymont, foi construído em frente o edifício-sede da Comissão Europeia, levou agora com um mega-casulo encastrado em cima.
Pela módica quantia de 321 milhões de Euros – número oficial – e despudoradamente apelidado de “ovo”, a nova criação da UE simboliza a sua determinação em se fechar num casulo, mergulhar na sumptuosidade, ao mesmo tempo que impõe a austeridade. Ela traduz junto dos seus cidadãos o que a UE realmente pensa da transparência, rigor e controlo orçamentais que têm lugar de honra no seu vocabulário oficial.
O casulo é um insulto à Europa; um convite a que esta se desfaça em apoio à corte de demagogos que se prepara para a retalhar e entregar aos seus inimigos; a imagem perfeita da razão pela qual a “Nossa Europa”, a Europa dos que querem um mundo mais justo e mais fraterno, a Europa dos que atravessam fronteiras à busca de trabalho e condições de vida para si e para os seus, a Europa da humanidade, da liberdade e da democracia, não pode aceitar o silêncio e o compromisso com este estado de coisas.