“Basta de ataque a autonomia universitária, basta de ataque a liberdade de expressão, basta de perseguições e de ataques ao pensamento crítico e científico! Por mais investimentos e seriedade na gestão da educação!”, diz a nota da UNE.
O “mito” se desfaz rapidamente. Além das trombadas palacianas entre as alas formam seu governo – com destaque para as ações do grupo mais íntimo do capitão-presidente, o clã Bolsonaro – e da queda acentuada nas pesquisas de opinião, o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro começa a perder o apoio das ruas, como se pode ver na enorme manifestação ocorrida nesta segunda-feira (6), nas imediações do Colégio Militar do Rio de Janeiro, onde ele se encontrava para uma solenidade.
Ali se juntaram estudantes, pais e professores de universidades e instituições federais, como o Colégio Pedro II, o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFRJ), o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), a Fundação Osório e o Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAp-UFRJ), além de outras escolas federais e estudantes universitários.
Levantaram-se em uníssono no protesto contra corte de verba de 30% das universidades e institutos federais, anunciado pelo governo federal na semana passada, e que vai atingir todos os cursos, da graduação à pós-graduação.
O governo vai cortar 7,4 bilhões de reais do orçamento da educação, estrangulando as universidades. Os cortes promovem um desmonte nas universidades e organismos de ensino ligados a elas, como o Capes, Finep e CNPq (cuja verba, se prevê, dura até setembro), além de extinguir programas como o Idiomas Sem Fronteiras.
Os protestos que ganharam as ruas ecoam a rejeição aos cortes por entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Academia Brasileira de Ciência e a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que se mobilizam em defesa do ensino no Brasil, e iniciarão para isso a atuação entre os deputados federais contra as catastróficas investidas do governo. “A ciência está com a corda no pescoço”, disse o presidente da SBPC, Ildeo Castro Moreira. E vão destruí-la no momento em que, disse ele, a produção científica vivia uma boa fase. “Todas as instituições publicando, com bons trabalhos, com referência”.
A ação destruidora do governo Bolsonaro contra a educação, a universidade pública e os institutos de pesquisa, já provocou um efeito contrário – fortaleceu a mobilização em torno da Greve Nacional da Educação convocada pela Confederação Nacional de Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE) para o próximo dia 15 – cujo foco é a luta contra o desmonte da aposentadoria e, agora, a defesa da universidade pública e demais instituições de ensino ameaçadas pelos cortes que o governo anunciou. A greve tem o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).
Para tentar justificar os cortes que destroem a universidade, o ministro da Educação, o banqueiro Abraham Weintraub, acusou-as de “balbúrdia”. Contra essa afirmação caluniosa, a Contee acusa, em nota, o governo Bolsonoro de promover uma verdadeira baderna no Brasil.
Distúrbio é o que fazem Bolsonaro, Weintraub e cia. ao tomar medidas baseadas em perseguição ideológica e tentar eliminar o pensamento crítico. Caos é a tentativa do próprio Ministério da Educação de destruir a universidade pública”.
Nessa linha, a União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou a mobilização da juventude estudantil e a sociedade em geral, para a greve marcada para o dia 15.
“Basta de ataque a autonomia universitária, basta de ataque a liberdade de expressão, basta de perseguições e de ataques ao pensamento crítico e científico! Por mais investimentos e seriedade na gestão da educação!”, diz a nota da UNE.
Há meio século, em 1966, o Brasil tinha 185 mil universitários, numa população de 90 milhões – era 1 estudante para cada 518 brasileiros. Hoje, o número é muito maior: são 8 milhões de estudantes numa população que supera 204 milhões de brasileiros (os dados são do IBGE, para 2016) – e um em cada 25 brasileiros frequenta o ensino superior. Se contarmos os milhões de estudantes secundaristas veremos que o número de brasileiros que o mau governo de Bolsonaro, e suas ações negativas na educação, atinge é imenso – inclui, além dos estudantes, suas famílias e professores. É portanto, necessário que se busque amplo apoio da sociedade para derrotar esse ataque desmedido à educação brasileira. A luta está apenas começando.
Texto original em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado
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