Relatórios de bancos estrangeiros e nacionais, além do Fundo Monetário Internacional (FMI), fazem soar as trombetas diante do fracasso econômico da dupla Bolsonaro-Guedes.
O chamado “mercado” manifesta dúvida sobre a capacidade do Brasil de honrar seus compromissos no curto prazo, referentes ao montante da dívida pública. A fragilidade da economia é tal que o FMI voltou a falar grosso, de modo imperativo, com o governo brasileiro.
Forma-se, assim, uma santa aliança de banqueiros, nacionais e internacionais, para preservar a qualquer custo a Emenda Constitucional 95, a do teto de gastos. A ponta do iceberg nesse debate é a tentativa de Bolsonaro de, a partir de janeiro, fazer valer o novo programa de transferência de renda aos mais pobres, o Renda Cidadã, com número de beneficiários e valor superiores aos do Bolsa Família. Isso levou o “mercado” a um Deus nos acuda.
O curioso é que isso se passa ao mesmo tempo em que a oposição, a esquerda – com papel destacado do PCdoB -, pressiona a Mesa da Câmara dos Deputados para pautar a Medida Provisória de Bolsonaro que reduziu para R$ 300 ajuda emergencial. A oposição batalha para que continue sendo R$ 600 até dezembro.
De onde vem essa santa aliança do rentismo em defesa da Emenda do teto dos gastos? Eles querem a garantia do teto, à medida que com a Emenda Constitucional 95 estão congelados investimentos sociais, como em educação e saúde, além de travar a capacidade do Estado de fazer investimentos que alavanquem o desenvolvimento do país.
A Emenda do teto garante, como cláusula pétrea, garante parte do orçamento federal para os serviços e rolagem da dívida pública. Os relatórios dos bancos indicam que a dívida bruta hoje já é da ordem de R$ 6,39 trilhões, o que corresponde a 88,8% do PIB. Projeções indicam que essa relação chegará a 98,6% no próximo ano e em 2022 ultrapassará 100%. Para se ter uma ideia, em 2013 essa relação era de 51,5%.
São vários os sinais que assustam o “mercado”, muitos sintomas da fragilidade da economia, que põem os credores de barbas de molho quanto à capacidade de pagamento do governo Bolsonaro. O primeiro é a desvalorização do real, um processo que tem demonstrado a incapacidade do Banco Central de dar segurança ao “mercado” de que conseguirá manter a moeda brasileira estável.
Outro fator é o encurtamento dos prazos do ciclo da dívida pública. O governo brasileiro precisa, para captar e fazer a rolagem da dívida, vender títulos de vencimento a curto prazo. Além disso, os investidores exigem prêmios maiores para que possam comprar esses títulos.
Além disso, a economia real passa por uma crise profunda, com o aumento crescente do desemprego e o investimento público privado muito baixo. A economia também sente os efeitos do cemitério de empresas em decorrência da quebradeira de cerca de um milhão de micro, pequenas e médias empresas.
Tudo somado, o resultado é uma situação que demonstra os estragos, a destruição provocada na economia por conta da sua condução sob a agenda ultraliberal e neocolonial de Guedes é Bolsonaro.
O governo Bolsonaro está cindido, dividido entre a ala rentista chefiada por Guedes e outro setor representado por militares e sua base no Congresso Nacional, o chamado centrão, que exigem alguma ação do governo para que o país supere a recessão, pois, caso contrário, os projetos eleitorais dessa gente pode ir por água a baixo.
Está formada, assim, a santa aliança do rentismo, a união de todos que se beneficiam da política de Guedes para blindar o teto de gastos. Essa é a razão de fundo que provoca um Deus nos acuda entre banqueiros e FMI.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado