Já não existem as picadas tão comuns nas guerras de guerrilha em campo aberto; as emboscadas em zonas de vegetação densa, ou as trincheiras usadas nas guerras convencionais.Já não há um motivo concreto em torno de ideais de defesa de um modelo de civilização e de organização social do Estado. Já não há, por de trás de uma qualquer ação de guerrilha, uma reivindicação de classe, uma reivindicação da soberania, uma reivindicação da defesa do ambiente, ou de uma outra reivindicação qualquer que tinha como princípio valores. O que torna qualquer ação semelhante como um ato de terrorismo puro e duro.
O terrorismo nada tem a ver com ações de guerrilha. Porque o que os separa são motivações completamente diferentes. Enquanto a uns os move a defesa de valores sociais. A outros o que os move são interesses mercenários.
Não é por “acidente de percurso” que a faixa etária dos combatentes da “nova vaga” se situa nos limites fixados para a juventude. Uma faixa etária em que a irreverência é a sua afirmação num cenário de instabilidade social generalizada, presente e futura. E a procura, daquilo que ajuízam por solução, constante. Esta condição afeta os extratos sociais aonde as carências afetivas, a instabilidade económica, e outros, carreiam instabilidade psicológica e provocam maiores fraturas.
Tanto no tecido familiar como no da preservação de laços e de construção de família, num tempo em que as motivações incutidas num percurso educativo abrangente, desde: a família; a escola; o meio; os media; e outros; promovem a ambição como horizonte de vida e depois lhe cerceiam esse mesmo horizonte alegando crises e exigindo austeridade que como sabemos, recai sempre sobre os mesmos. Os mais pobres. Numa escala de divisão social em que o fator económico é determinante.
Já não há o sonho romântico, quiçá lírico, de uma sociedade perfeita
O que há, é um clima de medo e de terror. Tanto nas suas vítimas como nos que aos atos assistem mas também naqueles que os atos praticam e acabam por cometer. O medo do desconhecido. O medo a tudo aquilo que gera insegurança. O medo de ter medo, também. E por isso, para ultrapassar o medo de ter medo, há o conceito sobre um extrato tido pelos “pobres de espírito” como sendo o mais vulnerável ao culto de influência exercida. Uma influência precisa com intuitos de fundamentalismo em que o que está em causa é sempre o exercício do poder. No caso, única e exclusivamente, pelo gozo de mandar, e nada mais.
Obviamente, este “ponto de mira” não se encontra isolado de uma intensiva e consertada estratégia que coloca em “linha de fogo” os direitos dos povos no seu conjunto global. Uma “linha de fogo” com objetivos claros: o domínio financeiro e o controlo económico dos Países; dos Continentes; do Globo! O ataque cerrado ao Estado Social que aflorou timidamente a Europa.
Esta estratégia global que se serve das contradições que gera, procura soluções no quadro da esfera que rege a independência nacional dos diversos Países, em que manter os privilégios a que sente estar a perder o controlo, é essencial. É essencial mas não é fácil. Coisa de que já se aperceberam há séculos. Tornando a luta dos oprimidos pela liberdade e pela igualdade em uma luta em que já vale tudo. Desde a prática de atos terroristas à invasão de fronteiras territoriais; da ingerência nos assuntos de política interna de Países, à influência no voto dos seus eleitores; do desmembramento dos partidos políticos que suportam os governos, à instalação de regimes em que o caos impera e a desorganização reina; porque assim é bem mais fácil dominar os Homens!
Argumentam alguns de que estamos perante uma “guerra santa” (jiade) com operacionais espalhadas pelo mundo através de células locais com movimentação restrita. Acontece que uma “guerra santa” implicava que houvesse adversários dentro do mesmo círculo de interesse confessional diferente. O que não acontece.
No que à designação de célula concerne, esta designação é do foro ideológico político partidário que tem como missão introduzir-se nos movimentos de reivindicação popular de direitos, e conseguir a sua simpatia de forma a assumir a coordenação da liderança dessas mesmas lutas.
Os seus membros são sempre residentes locais ideologicamente alinhados com o partido a que estão ligados. Assim sendo, uma célula é um “braço” de uma qualquer organização político partidária. A sua função é de âmbito político, com planos de aproximação das populações e nunca com objetivos de que as populações lhes tenham medo e repulsa. O que a acontecer, obriga a organização a que estão vinculados a tomar medidas de substituição da célula em causa.
Fica assim, todo o edifício democrático de suporte ao Estado soberano e independente na “linha de fogo” do terrorismos, de terroristas e de quem os financia. Uma mera questão de controlo global pela raiz de todas as condições de vida dos Homens numa luta entre os que defendem a pirâmide de oligarquia do poder associado à posse das mais valias, e os que defendem a democracia como suporte essencial para a construção de um Estado Social. Pelo meio “passeiam-se” os parasitas…
Mas, queiram ou não, o Estado Social é a alternativa possível para a equidade, a liberdade e a justiça. Por isso está na “linha de fogo”!
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90