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João de Sousa

Domingo, Julho 28, 2024

O “facilitador” dos doutores de hoje e a nova capacitação

Os doutores de hoje que, em linguagem politicamente correta, são a geração mais bem preparada e qualificada para o presente e o futuro deste país à beira mar plantado, encontraram um obstáculo não previsto mas corrente nos tempos que correm que é, o da capacitação. Uma nova vaga de propostas que, colocam em causa a aprendizagem concluindo não estarem, afinal, os novos doutores, capacitados para o exercício.

Coisa estranha. Mas, o mais estranho no meio de tudo insto é, serem Municípios e, em alguns casos, estabelecimentos de ensino superior em parcerias, estranhas também, a avalizar publicamente esta corrente de opinião de que, os doutores só o são porque tem na sua posse um diploma (canudo) que atesta a concretização de um determinado curso mais a nota de avaliação final. Porque mesmo fazendo posteriormente o mestrado no mesmo curso, há por aí uma nova frente que trata da capacitação.

Capacitação para tudo e mais alguma coisa que se venha a inventar como, por exemplo, o Município de Braga pensa: a figura do facilitador. Uma designação que os dicionários de Português dão como erro e que eu, dirigente associativo, considero um erro de relação entre as partes envolvidas na justa medida de que, ao “inventar” uma figura de facilitação do conhecimento, aquilo que se está de facto a fazer é desconsiderar todo o conhecimento estruturado em suporte de vida de técnicos e dirigentes com dezenas de anos  de trabalho.

Mas, o mais estranho, é a facilidade com que os ditos doutores aceitam este tratamento de menoridade profissional como que seja um ato normal. O que não é, E não é porque o conhecimento em discussão é sempre, o conhecimento adquirido nos locais em que eles, técnicos e dirigentes, exercem atividade profissional ou voluntária, em interação com as pessoas, utentes das instituições que frequentam.

Esta conjuntura forjada é uma conjuntura de circunstância gerada em um núcleo desconhecido que passa informação de que tem a solução para tudo sem que tenha soluções para nada mas que, quando em exercício, fica na posse de um conjunto alargado de conhecimentos transmitidos por todos os envolvidos que , deduzo, “usurpa” dando-lhe o tratamento que tiver por mais adequado.

Cabe também, ao “facilitador”, a direção dos trabalhos e de mediação entre as instituições, como que se estas estejam de costas voltadas umas para as outras.

Temos assim, a capacitação, como sendo um elo facilitador nesta engrenagem do conhecimento dirigida por iluminados pretensiosos no domínio de todas as áreas do conhecimento profissional e voluntário, ao serviço das comunidades que constituem a sociedade.

Mas temos, sobre tudo, uma espiral sem sustentabilidade nem suporte, uma vez que, se pretende instalar da cúpula para a base o que contraria todas as regras das leis da física.

Que o movimento associativo, no domínio da prestação de cuidados de saúde em particular e, em todos os domínios em que se movimenta em geral, se debate com dificuldades acrescidas é um facto. Desde a sua mobilização à correspondência que lhe é exigida e a que se comprometeu exarando em estatuto próprio.

Mas daí a necessitar de um “facilitador” de não se sabe o quê, há uma distância, pela diferença de experiências e de “calo”, como soe dizer-se, de anos luz!

Concluo por isso que, a capacitação não passa de uma alegoria, e o facilitador de algo de nada.

E que os doutores de hoje não dispõe da maioridade intelectual que sempre caraterizou esta figura superior que hoje se espezinha com demasiada facilidade.

Por opção do autor, este artigo respeita o AO90

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