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João de Sousa

Sábado, Dezembro 21, 2024

O filho pródigo

Apesar das contradições, vindas dos oito irmãos, o wy, conseguiu driblar a situação e vender o terreno que seus pais haviam herdado dos avós paternos… E a reza esperançosa da mãe que o abençoou na hora da partida. Naquela época, emigrar era a solução, como uma botija de oxigénio para corpos naufragados atirados a sorte no vida ventre do atlântico.

Fugir era sinónimo de emigrar, pois a guerra não dava tempo definições e nem acordos permitidos para angariação de valores para o escape.

Vendendo, terrenos, ouro, almas e outros pertences… o importante era mesmo. Conseguir sair do país… O Wy era o único varão no universo de nove irmãos, órfão de pai, Wy estava abrangido e desempregado a muito tempo de fugia da rusga, foi então que surgiu a ideia de vender o único bem comum, para custear a viagem, sob pena de trabalhar para chamar as irmãs e a mãe.

O dia então chegou, o Wy bazou… Para a terra prometida… Foi amor à primeira vista

Entre ele e a terra prometida, suas luzes sedutoras reduziam diferenças com ‘míseros’ dólares e o inalcançável estava ali, aos seus pés. (Brancas, loiras, e morenas) todas “apaixonadas” por ele, presuntos e enchidos regados com casta mais pura… E em contrapartida, impostos para tudo… Não sei se é feitiço daquela ruiva com ele casou-se que num estalar de dedos esqueceu, a sua Mguevita do Sambizanga e até a família…

Dois anos depois ainda mandou uma arca congeladora (que nunca foi ligada, pois a luz do sambila, não tinha potencia suficiente), mandou também umas roupas, uns sapatos estranhos e muitas fotos, onde exibia a “boa” vida ao lado de sua esposa (branca).

Experimentou todo tipo de emoções, e quando deu por si estava envolvido com drogas… Era tarde e não podia nem regressar porque a sua mãe já tinha morrido e as irmãs crescido e tomado o seu rumo… Um dia tomou coragem e ligou para as manas alegando que tinha perdido tudo num assalto. E queria dinheiro para voltar…

E voltou… Pior do que quando a havia partido, a esperança morrerá nas imprudentes apostas nos casinos, e tinha sido enterrada quando o seus único (sua mãe) amor partiu.

Regressou cheio de lábia e arrogância, contava historias alucinantes sobre a vida na tuga… E com os míseros cem Euros que trouxera , ainda deu um show, simulando poder…

Numa noite de luar… Aquele luar repleto, que perturba maluco… Tentou reconquistar Ngonguita…

– Minha mulher ‘da muito tempo’ sabes que sempre te amei né, tipo mesmo me enfeitiçaram… Sim fui enfeitiçado pela aquela branca… Mas saiba que mesmo estando com ela era em ti que eu pensava…

Ela olho-o de cima a baixo, mandou -lhe um bom mixoxo e respondeu:

– Che tá amarrado!!! Tens pau ou que?

Assim mesmo foste na tuga, comeste do bom bacalhau, regado com bom azeite é é ….bebeste do bom vinho… Só me mandavas bué de fotos… Nem só já uma cueca portuguesa me mandaste?????

Assim mesmo estais a vir porque fioco… Fioco.

Achas mesmo que te esperei???

Mano o tempo que foste na tuga tirar fotografia eu estava a estudar… Agora estais ai todo acabado, da tuga só trouxeste o sotaque e os vícios …. Nem já maça estais a cheirar… assim vamos dormir na Marquise da casa da tua irmã???


A autora escreve em PT Angola


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