Qualquer português honrado já pensou bombardear com muco de gorila uma repartição de Finanças ou um balcão da Segurança Social. É uma atitude recomendável. Há anos ainda se podia pôr o penico à porta e dizer aos fiscais que penhorassem o bacio com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, mas a dr.a Ferreira Leite e o crente Paulo Fisco Macedo transformaram os amanuenses dos impostos em polícias do xerife de Nottingham.
A partir de amanhã o Fisco já não pode ficar com “as moradas de família”. Isto é, estou todo contente mas desconheço o que é a morada de família. Será melhor casar e ter filhos para afastar o Fisco? Um português é uma família em si mesmo ou o melhor é esposar (blharg, palavra horrível) a vizinha ou o vizinho do lado para tirar o olho gordo fiscal de cima da porta?
A Constituição (obra agora em voga na boca de Soares da Nódoa e Marcelo Caetano de Sousa), define lá assim: “Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”. Certo. Se assim é, as penhorazinhas do ti Macedo das Rezas foram todas inconstitucionais. O que não afasta a mesma lesão na lei que esta quinta-feira vai a plenário. Se só se afasta o Fisco e as SS da morada “de família” e se um pobre camponês não pagou o selo do tractor, pode ficar a dormir na eira?
Resumindo, conclui-se que a borga continua, com mais sensibilidade mas sem atenção ao que a Constituição diz (bela obra, citada por aquela senhora baixinha do BES e pela moça com voz de medronho), perfazendo assim um governo “quase-quase”. Se fosse futebol, Costa, Jerónimo e Catarina estavam no lugar do Ronaldinho Gaúcho, que me jura a wikipedia ser o melhor meia-esquerda do mundo.
Não arrumem o muco do gorila. Parece-me que ainda é útil tê-lo à mão.
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