Tudo fluía nas calmas. Nos braços do meu comandante eu encontrava o refrescante bálsamo que acalmava toda a minha tristeza.Sim da porta adentro naquele reduzido quarto eu tinha o mundo aos meus pés… Uma rainha… sublinhava. Seus beijos eram o passaporte para o país das maravilhas, nada mais importava, nada mais doía, nada mais importunava… Até as batidas do meu coração desaceleravam. Sua voz soava a barítono e ele ali só para mim… E em mim, que mais poderia eu desejar?
Poderia desejar o que quer que fosse pois uma rainha tudo pode mas o meu amor ao comandante tornou-me submissa aos seus desejos e a cada abraço mais certeza tinha que eu era imune a toda dor. O mundo com toda a sua realidade esperava fielmente da porta para fora, já não tinha tanto impacto a inundação no quintal e nem a quantidade de mosquitos me ferravam a emoção.
O nosso impenetrável mundo era adornado de pureza e calor.
Um dia a realidade cansou-se de esperar à porta do castelo, muniu-se de regras e tocou o interfone, informando que a nossa relação era proibida e, por mais que os nossos interesses fossem comuns, a nossa tarefa era cada um seguir o seu caminho abraçado à sua missão. Há regras para amar e ser amado? Como explicar a este corpo que o meu mar é proibido?
E realidade consolou-me com uma cerveja gelada enquanto folheava a saudade. Os mosquitos abraçaram-me tentando mostrar que sempre me foram leais e de bónus notei que a água das inundações cheirava mal. Que o meu mundo está um caos.
A autora escreve em PT Angola
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