Lá no fim do arco-íris, bem aconchegado ao amarelo desespero, está a esperança do povo angolano, a tal representante da fé que era a última a morrer, sucumbe perante a inflação que para o desgosto de quem votou, flagela o prato do pacato cidadão.
O futuro da nação cresceu, e para si a herança dos cofres vazios, e o vírus do desemprego que mata o optimismo de quem nasceu para brilhar. Hoje faz mais sentido a expressão “estudar para quê se o país já tem os seus governantes e afins?”.
Num país não monárquico o nepotismo faz-se sentir a níveis alarmantes. Não tem padrinho na cozinha não come… Ou passa a vida mendigando pequenos biscates a empresas terceirizadas, por “proprietários” dos ministérios e companhias…..
A fome tomou posse. Hoje colocar o básico na mesa é um ato revolucionário, pois luta-se contra todas as leis da natureza para gerir o mísero salário que enfrenta semanalmente, senão mesmo diariamente, subidas de preços de mais de 100% em alguns casos. E o velho pregão arreiou arreiou, morreu na garganta afónica de quem canta o “havemos de voltar”, com o coração repleto de saudades dos ideais de Neto… O mais importante é resolver os problemas do povo…
Contrariando todas as informações que nos são passadas, a cesta básica é a maior vítima. E a população o maior alvo.
Desligar a ficha já não funciona, pois o roncar do estômago e o choro dos filhos nos lembra a cada minuto, o porquê desta batalha. Fala-se em soluções, agricultura, pesca, privatização, cooperações ou até mesmo autarquias e coligações… Para mim bastava a descentralização dos interesses (Angola tem 18 províncias… até já ouvi que no último censo a extensão territorial aumentou) a reactivação das indústrias adormecidas, para a transformação dos produtos agrícolas que todos os anos se perde por falta de capacidade de escoamento. Em consequência gastaríamos menos com a importação e seus impostos, a exportação seria para os cofres do estado outro meio de arrecadação de receitas e trabalho para muitos.
A luta contra a corrupção é necessária e não a base desta governação, mas sim uma luta gradual com menos holofotes apontados para si. Para a frente é o caminho, diz-se…
O tempo vai passando e os anos para a governação também, enquanto buscamos culpados para justificar cada erro. Os ponteiros do relógio avançam impiedosamente, atropelando a honra de quem jurou cuidar da sua família. Não há tempo para desculpas nem protagonismos. Enquanto controlamos a cotação do petróleo, os nossos diamantes, granito, brita, areia, raízes, sementes, mariscos, sal, água, madeira, resíduos sólidos e outras riquezas são sequestrados diariamente perante olhos de quem chama de “amigo” o estrangeiro que desvirtua a nossa terra mãe.
Nem a subida do preço da cerveja, esvazia os bares e botecos que foram transformados em templos de lamentos, desabafos e refúgio para se abrigar desta triste e dura realidade, as bebidas alternativas vão ganhando terreno e pulmões. Há sempre uns trocos para a anestesia… E lá fora crescem as consequências do êxodo rural.
Agora faz-se sociedade para tudo… Que tal um sócio para governar este navio????
A autora escreve em PT Angola