Dores no joelho esquerdo, e no direito, mas também no peito, na mente de quem nunca se encontrou, alguém perdido na sua própria inconsciência, nos sepulcros do seu mais eu acomodado, dorme leve, levemente contente porque nada sabe, sabe apenas o que pensa saber.
Dono de uma razão só sua ou apenas para si, percorre quilómetros de anos atrás do seu lugar, senta-se na poltrona dos sábios e logo tudo sabe, sim, um lugar que cola, o poder enche-se de ar na sua cabeça que apenas se esqueceu ou nunca soube onde se dirigir com sacos de razão para oferecer e ensinar, educar ou criar, sim, regozijado com o trono torna-se o dono disto tudo e pronto.
Cheios e magros como a torrente de um rio seco nada sabem a não ser dizer que sabem, de história, da evolução do homem, da democracia, Atenas e Roma, contentes lêem o Jornal de Angola e logo se empanturram de notícias antigas, de coisas que nunca nada serviram para a ciência, para o crescimento humano, pelo homem, do respeito, e até da sua esposa se riem, sabem como ninguém tanto de nada que enoja.
A cadeira que aquece, mas não queima, nem as entranhas nem as estranhas saliências da testa do herói cansado de alegrias e ri e sorri, o poder é mesmo o melhor curso do mundo!
Lembro-me de uma vez um filho meu me ter perguntado o seguinte: “Pai, em que universidade se tira o curso de presidente?” Respondi-lhe que não sabia.
Chamo-me Ísia Monteiro. Ísia, porque a minha mãe adorava ilhas e Monteiro por ter nascido durante a explosão de um morteiro que nos destruiu a casa, então nasci de um aborto natural.
