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Sábado, Novembro 23, 2024

O mundo gira e a vida segue para vencer a maldade dos “cidadãos de bem”

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Cinco canções para a compreensão de que o tempo não pára e a vida segue em frente, mesmo que muitos trogloditas, reacionários e ignorantes tentem nos fazer pensar ao contrário. Várias perversidades vêm sendo cometidas nos últimos anos porque a extrema-direita está nas redes vociferando sandices.

Mas a resistência permanece, insiste e vai vencer. Chega de tantas mortes, chega de tantas ameaças e de bichos escrotos não respeitarem nem as crianças. Chega de fake news, de uma imprensa covarde e subserviente ao capital, essencialmente o internacional.

Chega! A reação começou firme e forte no dia 29 de maio e não vai mais parar. A música popular brasileira assegura essa vontade de viver e amar como todas as pessoas do planeta desejam.

Francisco, el Hombre e Chico Buarque

A versão de Roda Viva, de Chico Buarque, lançada nesta quarta-feira (2) pelo grupo Francisco, el Hombre é uma prova cabal que toda obra depois de lançada deixa de pertencer somente ao autor. E, se for de qualidade, ganha vida, transcende ao tempo e colabora para a melhoria do mundo.

Roda Viva, que faz parte da trilha de uma peça teatral homônima de Chico Buarque, causou alvoroço em 1967 e o elenco foi atacado pelo Comando de Caça aos Comunistas, defensores do ódio e da violência como o atual habitante do Palácio da Alvorada não se cansa de fazer.

A nova versão da canção faz parte da trilha sonora do documentário A Fantástica Fábrica de Golpes, de Victor Fraga e Valnei Nunes. O documentário está no site catarse para arrecadar fundos.

“Roda mundo, roda-gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A roda girará
Outro dia vai nascer
Apesar de você”

Roda Viva (1967), de Chico Buarque; canta Francisco, el Hombre

 

Tim Maia

Como um dos grandes representantes da chamada Black Music no Brasil, Tim Maia (1942-1998) esbanjou irreverência e jamais se curvou aos poderosos. Cantor de uma voz potente e com um suingue sem igual. Grande difusor do funk.

“Devo admitir que sou réu confesso
E por isso eu peço, peço pra voltar
Longe de você já não sou mais nada
Veja, é uma parada viver sem te ver

Longe de você já não sou mais nada
Veja, é uma parada viver sem te ver
Perto de você eu consigo tudo
Eu já vejo tudo, peço pra voltar”

Réu Confesso (1973), de Tim Maia

 

Luiz Melodia

Dono de um talento ímpar, Luiz Melodia (1951-2017) surgiu dos morros cariocas para o mundo com canções eternizadas no rico acervo da MPB. Com uma mistura de sons inimagináveis, rock, blues, soul e samba, Melodia marcou a vida de todo mundo com poesias sobre o social e o individual com uma maestria de poucos.

“Meu nome é ébano
Venho te felicitar sua atitude
Espero te encontrar com mais saúde
Me chamam ébano
O novo peregrino sábio dos enganos
Seu ato dura pouco tempo se tragando
Eu grito ébano
O couro que me cobre a carne
Não tem planos”

Ébano (2002), de Luiz Melodia

 

Duda Beat

Representando a nova geração, Duda Beat traz de Pernambuco suas músicas influenciadas pelo movimento manguebeat. Ela canta as dores, os amores e a esperança.

“Chega de tanta bobagem, de tanta besteira
Sei que você sabe se eu entrei na brincadeira
Vai, dar ruim, dar bom ou tanto faz

Chega de tanta bobagem, de tanta besteira
Sei que você sabe se eu entrei na brincadeira
Vai, vai, vai, vai, vai, vai, vai”

Chega (2019), de Duda Beat e Tomás Tróia

 

Chico César

Um dos maiores nomes da MPB, Chico César dá o seu recado para a resistência ao fascismo. Deus Me Proteja vai para além da percepção dos crentes. Mesmo ateus podem apreciar sem moderação nenhuma.

“Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa
Da bondade da pessoa ruim
Deus me governe e guarde ilumine e zele assim
Caminho se conhece andando
Então vez em quando é bom se perder
Perdido fica perguntando
Vai só procurando
E acha sem saber
Perigo é se encontrar perdido
Deixar sem ter sido
Não olhar, não ver
Bom mesmo é ter sexto sentido
Sair distraído espalhar bem-querer”

Deus Me Proteja (2008), de Chico César


Texto em português do Brasil

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