Vénus nasce de uma enorme concha e terá sido concebida da espuma dos mares.
A figura é moldada com rigor marmóreo (eis o desenho como característica primordial florentina), os contornos do traço preto acentuam a frescura que podemos imaginar “ao vivo”. O corpo imaculado é duma tonalidade rosada e ostenta uma cabeleira loura serpenteada, como que servindo de veste a uma parte do seu corpo. Não obstante o desconchavo anatómico dos ombros e o seu longo pescoço, a deusa mostra-se com uma dulcificada expressão de grande bondade.
Vem sendo conduzida pelo vento Zéfiro e por uma brisa, Aura, que imaginamos de grande doçura e que avançam, alados, na representação à esquerda, como dois amantes. No lado direito do quadro, vinda da terra firme, uma Hora, com um vestido resplandecente, vai cobri-la com um manto florido e encantador, tapando-lhe o corpo nu.
Neste quadro encantatório há, ao mesmo tempo, uma atitude casta impregnada de justificada sensualidade.
Sandro Botticelli 1445-1510
Alessandro di Mariano di Vanni Filpepi, conhecido como Sandro Botticelli, nasceu em Florença, na Itália. Foi um pintor italiano, considerado um dos maiores pintores do Renascimento Artístico na Itália.
Na adolescência trabalhou na casa de um ourives, possivelmente, na oficina de Filippo Lippi, a quem teria ajudado nas decorações da Catedral de Prata.
Protegido dos Médici, para os quais executou preciosas pinturas de cunho mitológico, Sandro Botticelli foi bem relacionado no círculo florentino, tendo chegado a trabalhar também para o Vaticano.
Botticelli, nas suas obras, seguiu temáticas religiosas e mitológicas, sendo as suas pinturas marcadas por um forte realismo, movimentos suaves e cores vivas.
Provável auto-retrato de Botticelli, em Adoração dos Magos (Uffizi, Florença)