Poema inédito de Alice Coelho
O Olhar
Cada olhar era um escaldar de pele
Um memorizar de dedos queimados
Uma aragem que no corpo se revele
Naquelas loucuras tatuadas no tempo
Cansadas e choradas numa saudade
Prensada pelas mentiras duma cidade
Que no seu rio assistiu ao afogamento
De uma ingenuidade precoce de tardia
Amarrada às margens pela sua cobardia
Em noites longas e frias de lua retardada
Onde para sempre era tão longe de mais
Açaimadas e retratadas
Escondidas e despidas
Ruas por nós esculpidas
Sonhos derramados e atados
Num virar de costas deixados.
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