Mamã, o pai natal não existe…!?
Como assim não existe? O pai natal existe no coração de cada ser humano tocado pela oração (apelo) do seu próximo, e vestido com as cores da vida invade o sofrimento de outrem para levar uma lufada de ar fresco, uma tábua-salvação, um fio-luz, um sim na hora do não ou vice versa…
Filha se recolheres umas roupas, ou com o dinheiro da tua mesada comprares uma caixa de bolacha para distribuíres no hospital aqueles meninos que estão doentes, serás o pai natal…
Menina mamã… Eu sou menina…
Sim filha serás a menina natal, e os outros serão o pai, o tio, o mano … Natal. Se cada um doar um pouquinho de si, levando abraços para corpos famintos e calor para corações, a expressão «sê tu uma bênção», pode ser substituída por «sê tu um exemplo», para quem não acredita nas bênçãos mas acredita na humanidade… Um exemplo, uma bênção que se move em socorro, demonstrado com uma sopa quente e fumegante recheada de esperança, a cada um.
São conhecidos os excessos cometidos no natal, mesas preenchidas de desnecessário, pátios iluminados de ganância e insensibilidade enfeitam os postais de Natal, que esvoaçam em forma de tortura aos olhos de quem já não se lembra do sabor de uma amêndoa.
Se cada um doasse um cêntimo do seu salário… Ou simplesmente aquele sapato apertado, aquela roupa comprada com entusiasmo e que no fim acabamos por não saber porque a compramos… aqueles remédios dentro do prazo, os utensílios e móveis da última decoração, aquelas bijutarias, livros e cobertas…
O ser humano é o mais possessivo da natureza, o ter o faz ser, e às vezes sente a necessidade de acumular coisas só para ser. Doar também nos faz ser… Ser um exemplo de desapego, ser a esperança de alguém, o motivo do sorriso, a porta, a escada de quem pensa não haver mais saída.
Ser a conjugação do mandamento maior:
Ama o teu próximo como a ti mesmo.
A autora escreve em PT Angola