Vem isto a propósito da forma como alguma imprensa interpretou as notícias divulgadas pelo Millennium bcp e depois se admirou com as consequências bolsistas.
As notícias foram três:
- Os resultados do primeiro semestre. Um prejuízo de 197,3 milhões de Euros, mais de 1 milhão por dia, imparidades de mais de 400 milhões de Euros e uma redução da situação líquida de 637 milhões de Euros face a Junho 2015. O Banco continua a diminuir perdendo cerca de 5 mil milhões do seu activo total face a igual período do ano passado. Um desempenho negativo.
- Os resultados dos testes de stress feitos pelo Banco Central Europeu e ainda não divulgados publicamente pelo Banco central. O Millennium fez um exercício bottom-up e concluiu que tinha rácios suficientes. No entanto, importante é a nota final do seu comunicado “O Banco Central Europeu (BCE) não solicitou nem validou a divulgação do resultado dos testes de stress aqui referidos. Quaisquer menções referem-se ao resultado do teste de stress numa perspectiva bottom-up, não sendo possível inferir das mesmas qualquer informação relativa a projecções top-down do BCE ou a temas abordados no respectivo processo de garantia de qualidade”. Será esta uma notícia positiva?
- A possibilidade de um aumento de capital exclusivamente reservado a uma instituição estrangeira que, segundo o Jornal de Negócios, tem um rating de lixo. Um aumento de capital feito desta forma significa uma diluição dos actuais accionistas e uma perca de valor das suas posições. Acresce que o novo accionista, com um investimento consideravelmente menor passa a ter uma posição maior do que muitos grandes accionistas actuais. Uma má notícia para os actuais accionistas.
Note-se que a situação líquida que é o Capital próprio da instituição se reduziu em mais de 600 milhões num ano, redução de mais de 10%, levanta de imediato a possibilidade de ser necessário um reforço de capitais.
O que temos, pois, é um conjunto de notícias preocupantes para os accionistas e para a instituição, prejuízos, redução dos activos, redução da situação líquida, resultados dos testes de stress não divulgados pelo BCE, e entrada de novo accionista diluindo os actuais.
Naturalmente as cotações tenderam a reflectir estas informações, algumas contudo já antecipadas anteriormente pelos mercados, situando-se as cotações de fecho de quarta-feira, dia 3 de Agosto, a 0,0183 Euros, menos de dois cêntimos.