O OGE para 2019 o dirá!Anda o Governo do Partido Socialista a tentar negociar o OGE-Orçamento Geral do Estado para o ano de 2019 sob pressão: interna; sindical; social; partidária de esquerda e de direita; sem grande espaço de manobra e, sem, presumo, saber muito bem o que fazer por hesitação ideológica como foi patente no Congresso Nacional que decorreu na Batalha com alguns dos seus membros a prepararem hipotéticos cenários de sucessão enquanto que outros discutiam essa hipótese académica aventando cenários de êxtase virtual uma vez que aquilo a que se veio a assistir foi ao reforço da corrente fiel a António Costa.
É neste capítulo da Governação, um capítulo crucial por ocorrer a um ano das Eleições Legislativas que, acontecem destas coisas que não sendo estranhas em movimentos que já estão a preparar esse ato eletivo, são estranhíssimas, num cenário de disputa interna num momento preciso. A discussão do OGE- Orçamento Geral do Estado para 2019.
A não ser que, como é constatável, as forças internas anti geringonça, comecem a engrossar fileiras objetivando o insucesso dessa solução politica abrindo portas para um entendimento politico à direita, nomeadamente com o PSD-Partido Social Democrata, o que, a acontecer, precipitará a queda de António Costa e dos seus mais próximos como o é a Secretaria Geral Adjunta, Ana Catarina Mendes, podendo inclusive precipitar um Congresso Extraordinário para o qual se perfilarão os que na sombra vão tecendo teorias sobre conspiração. Um cenário complexo porque tem várias nuances em que pode ocorrer: não aprovação do OGE; queda do Governo; eleições legislativas antecipadas; mau resultado eleitoral.
Ora, neste cenário apocalíptico para toda a classe média e classes sociais com poucos rendimentos, o retorno à situação de contração económica e de austeridade sobre as populações, políticas usuais na governação de direita, é o cenário previsível, mas que curiosamente não desperta a citada classe média para essa possibilidade a que acresce a Lei da Rolha. Comem e calam!
O Orçamento Geral do Estado é uma ferramenta de crucial importância para a vida social e económica do País. Os interesses em jogo são dantescos. Por isso se dividem em interesses das classes abastadas e interesses da população em geral.
Das classes abastadas que vivem da mais valia gerada pelas populações ativas e não ativas pela via, precisamente, das receitas arrecadadas pelo Estado e distribuídas em tranches por Ministérios que tutelam os seus interesses diretos e indiretos e da exploração de mais valias em que o modelo político assenta, mas também dos entendimentos legislativos afetos à negociação do OGE como contrapartidas.
Da população em geral porque é o OGE que baliza a sua qualidade de vida, medida em capacidade financeira, vulgarmente designada por poder de compra.
Uma conjuntura demasiado complexa que exige do Partido Socialista sobriedade e discernimento sobre a via que quer tomar: Se a da direita. Se a da esquerda.
Num momento em que a flutuação do eleitorado ao centro é um dado adquirido num leque demasiado vasto uma vez que envolve cerca de sessenta por cento da sua massa.
Sabido que é, não ser o eleitorado à esquerda do PS e o eleitorado à direita do PSD tão volúvel. A que acresce poderem estes segmentos capitalizar votos por descontentamento.
O PCP – Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda, parceiros do Governo na viabilização do Orçamento Geral do Estado, tem em cima da mesa em exigência negocial agendas especificas que lhes tolhem os movimentos e o espaço de manobra por estar em causa a já citada disputa eleitoral em que por isso nenhum deles quer perder votos da sua base social de apoio.
Aquilo que pretendem, dentro do possível, será reforçar essa base social de apoio convertida em votos que reforce a sua representação na Assembleia República.
É neste contexto que o Partido Socialista se encontra e que por isso não pode hesitar naquilo que são os seus valores e os seus princípios nem vergar perante aqueles que no seu seio o querem reduzir a uma pequena força política despida de representação política Parlamentar que lhe permita como até aqui, ser Governo.
O Partido Socialista é um partido da esquerda democrática que deve disputar todo o eleitorado não afeto aos interesses financeiros porque esses também são inimigos da economia de mercado que é o modelo económico mais propicio ao equilíbrio dos preços finais ao consumidor. Assim como da coabitação entre os setores económicos privados e públicos e destes na sua relação laboral com os seus colaboradores de forma a propiciarem condições de vida condignas e demais obrigações sociais de um Estado Independente e Soberano. Mesmo no seio da Comunidade Europeia.
Em jeito de conclusão: o Partido Socialista aposta o seu futuro político no OGE – Orçamento Geral do Estado para 2019 porque nele refletirá o seu posicionamento político em resultado das suas opções políticas com impacto social e, por essa via, eleitoral, no próximo ano.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90
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