“Uma denúncia de agressões sexuais a uma criança numa escola básica em Lisboa culminou esta quinta-feira em confrontos entre famílias de duas crianças – a do alegado agressor, de 12 anos, e da vítima, de nove.”
Segundo a notícia, um repórter da RTP foi hoje violentamente agredido por familiares dos alunos tendo necessitado de tratamento hospitalar.
A RTP não adiantou quais os motivos da agressão nem explicou qual era o objectivo da reportagem. Tratando-se de duas crianças uma das quais alegadamente vítima de “agressão sexual” certamente a RTP não estaria à espera de filmar as crianças envolvidas ou os seus familiares. Pelo que não se ficou a saber que tipo de reportagem a RTP esperava fazer.
A pancadaria que a sua presença, pelos vistos, desencadeou da parte dos familiares das crianças tornou-se afinal o assunto da reportagem. Antes isso do que assistirmos à exibição das próprias crianças vítimas ou agressores.
É evidente que qualquer violência sobre jornalistas é deplorável ainda mais quando se encontram no exercício de funções. Certamente o repórter agredido não fez mais do que recolher imagens de quem por ali se encontrava.
Mas tratando-se de assunto tão grave e delicado, como a agressão sexual envolvendo crianças, a recolha de imagens era absolutamente interdita. A lei de protecção de menores proíbe a exibição de imagens de vítimas de agressões sexuais e a RTP não desconhece as restrições impostas em situações envolvendo menores.
Daí que não se tenha percebido o que levou a RTP a deslocar-se com uma câmara à escola onde uma criança de 12 anos agrediu alegadamente outra de nove e filmar agredidos e agressores. Como seria de esperar, acabou agredida.
A reportagem acabou por ser a agressão à própria RTP.
Artigo publicado originalmente no blog VAI E VEM