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Terça-feira, Julho 16, 2024

O que seria da vida sem pão e poesia para manter o coração tranquilo?

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Em tempos de isolamento social em defesa da vida, esta seleção musical não poderia começar sem prestar homenagem a Moraes Moreira, que nos deixou na segunda-feira (13), aos 72 anos.

Fausto Nilo e Moraes Moreira

Entre centenas de importantes canções, a escolhida foi Pão e Poesia, de 1981, de Moraes Moreira e Fausto Nilo. Porque “se a vida fosse o meu desejo, dar um beijo em teu sorriso, sem cansaço e o portão do paraíso é teu abraço, quando a fábrica apitar”.

Para alimentar o corpo precisamos do trabalho para termos o pão e da poesia e de todas as artes e ciências do conhecimento para alimentar a alma. Enquanto todos os seres humanos não tiverem essa possibilidade, “é a faculdade de sonhar é uma poesia/que principia quando eu paro de pensar/pensar na luta desigual, na força bruta, meu amor/que te maltrata entre o almoço e o jantar”, quando se tem almoço e jantar.

Pão e Poesia, de Fausto Nilo e Moraes Moreira; canta Simone e MPB-4

Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
Se a vida fosse trabalhar nessa oficina
fazer menino ou menina, edifício e maracá
virtude e vício, liberdade e precipício
fazer pão, fazer comício, fazer gol e namorar
Se a vida fosse o meu desejo
dar um beijo em teu sorriso, sem cansaço
e o portão do paraíso é teu abraço
quando a fábrica apitar
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
Numa paisagem entre o pão e a poesia
entre o quero e o não queria
entre a terra e o luar
não é na guerra, nem saudade nem futuro
é o amor no pé do muro sem ninguém policiar
É a faculdade de sonhar é uma poesia
que principia quando eu paro de pensar
pensar na luta desigual, na força bruta, meu amor
que te maltrata entre o almoço e o jantar
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar
O lindo espaço entre a fruta e o caroço
quando explode é um alvoroço
que distrai o teu olhar
é a natureza onde eu pareço metade
da tua mesma vontade
escondida em outro olhar
E como o doce não esconde a tamarinda
essa beleza só finda
quando a outra começar
vai ser bem feito nosso amor daquele jeito
nesse dia é feriado não precisa trabalhar
Pra não dizer que eu não falei da fantasia
que acaricia o pensamento popular
o amor que fica entre a fala e a tua boca
nem a palavra mais louca, consegue significar: felicidade
Felicidade é uma cidade pequenina
é uma casinha é uma colina
qualquer lugar que se ilumina
quando a gente quer amar

 

 

Ralph Chaplin

Historiadores afirmam que a canção Solidarity Forever (Solidariedade Para Sempre) foi escrita pelo jornalista, escritor, poeta e ativista norte-americano Ralph Chaplin (1887-1961), escrita em 1915. Alguns a dão como canção folclórica.

O importante é que essa música virou um hino do movimento sindical dos Estados Unidos e defende a unidade da classe trabalhadora para derrotar o capital. Em pleno século 21, a pandemia reavivou a solidariedade meio desaparecida.

Solidariedade Para Sempre, de Ralph Chaplin, canta Pete Seeger

Quando a inspiração do sindicato correr pelo sangue dos trabalhadores
Não haverá poder maior em qualquer lugar sob o Sol
Contudo, qual força na Terra é mais fraca do que a força de um só
Mas a união faz a força

Solidariedade para sempre
Solidariedade para sempre
Solidariedade para sempre
Pois a união faz a força

Existe alguma coisa que temos em comum com o parasita ganancioso
Que iria chicotear-nos em servidão e que nos esmagaria com o seu poder?
Nos resta algo a fazer além de organizar e lutar?
Pois a união faz a força

Nós é que aramos as pradarias; construímos as cidades onde eles negociam
Cavamos as minas e construímos as oficinas, milhas infinitas de ferrovias colocamos
Agora estamos párias e famintos meio as maravilhas que criamos
Mas a união faz a força

O mundo que está possuído por zangões ociosos é nosso e só nosso
Nós lançamos suas largas fundações; o construímos em direção ao céu, pedra por pedra
Ele é nosso, não para sermos escravos nele, mas para comandá-lo e possuí-lo
Enquanto a união faz nossa força

Eles tomaram incontáveis ​​milhões que eles nunca trabalharam para ganhar
Mas sem o nosso cérebro e nossos músculos nem uma única roda pode girar
Podemos quebrar seu poder arrogante, ganhar a nossa liberdade quando aprendermos
Que a união faz a força

Em nossas mãos está um poder maior do que o de seu ouro roubado
Maior que o poderio dos exércitos, ampliado mil vezes
Podemos criar um novo mundo a partir das cinzas do velho
Pois a união faz a força

 

Tom Zé

A música A Maior Palavra do Mundo faz parte do livro homônimo de Elifas Andreato, musicado por Tom zé e lançado em 2017, “As letras inventam as palavras. As palavras inventam as ideias, e as ideias inventam os futuros”, define o compositor e cantor baiano.

Na canção, a maior palavra do mundo é Eu, para evidenciar que cada indivíduo é único, mas fica implícito que a maior palavra do mundo é Nós.

A Maior Palavra do Mundo, de Elifas Andreato e Tom Zé

A maior palavra do mundo é Eu
Eu, eu, eu, eu, digo eu
Simplesmente Eu

E o eu é tão gorduchão
É tão gigante grandão
Que o mundo é um pigmeu
Diante de um simples eu

E como, não se sabe como
No mundo já tem tantos eus
Cada eu que mora no mundo
É dentro de um milhão de eus

A maior palavra do mundo é eu
Eu, eu, eu, eu, digo eu
Simplesmente Eu

Porém, sem a ajuda do U
O E só pode não ser
Letra que não tem vizinha
Morre falando sozinha

Se a fé precisa do L
I, Z para ser feliz
Você precisa de quê?
Eu preciso de você

A maior palavra do mundo é Eu
Eu, eu, eu, eu, digo eu
Simplesmente Eu

Do eu, entre E e U
Tem letras do amor, da alegria
Tem a tentação do prazer
Que só a mágica deve saber

Criar criança esperança
Saber fantasia sonhar
Curiosidade dali
Verdade jamais conheceu

A maior palavra do mundo é Eu
Eu, eu, eu, eu, digo eu
Simplesmente Eu

 

Roger Waters

Roger Waters é um cantor e compositor inglês, talvez a principal voz do Pink Floyd, banda de rock progressivo em atividade de 1965 a 1995, com breves retomadas em 2005 e entre 2012 e 2014.

Waters é importante voz em defesa dos direitos humanos, da soberania dos povos, da justiça e dos direitos da classe trabalhadora. Quando esteve no Brasil não se intimidou em gritar “Ele Não” em seus shows pelo país afora.

O artista decepcionou fãs desavisados do caráter político da mais famosa canção do Pink Floyd, The Wall, de 1979. Do mesmo álbum, a música Mãe (1979), de Waters, não deixa dúvidas sobre as intenções políticas do auto. “Mãe, você acha que eles soltarão uma bomba?”.

Mãe, de Roger Waters

Mãe, você acha que eles soltarão a bomba?
Mãe, você acha que eles gostarão dessa música?
Mãe, você acha que eles tentarão separar minhas bolas?
Mãe, eu devo construir o muro?
Mãe, eu devo concorrer pra presidente?
Mãe, eu devo confiar no governo?
Mãe, eles me colocarão na linha de fogo?
Isso é meramente uma perda de tempo?
Agora acalme-se bebê, bebê, não chore
Mamãe vai fazer todos os seus pesadelos se realizarem
Mamãe vai colocar todos os medos dela em você
Mamãe vai mantê-lo bem aqui sob suas asas
Ela não deixará você voar, mas pode te deixar cantar
Mamãe vai deixar o bebê confortável e aquecido
Oooo bebê
Oooo bebê
Ooo bebê, claro que mamãe vai ajudar a construir o muro
Mãe, você acha que ela é boa o suficiente
Pra mim?
Mãe, você acha que ela é perigosa
Pra mim?
Mamãe, ela vai despedaçar o seu garotinho?
Mãe, ela vai partir meu coração?
Agora acalme-se bebê, bebê, não chore
Mamãe vai checar todas as suas namoradas pra você
Mamãe não vai deixar ninguém sujo passar
Mamãe vai esperar até você chegar
Mamãe sempre descobrirá onde você está
Mamãe vai deixar o bebê saudável e limpo
Oooo bebê
Oooo bebê
Ooo bebê, você será sempre bebê pra mim
Mãe, isso precisava ser tão

 

 

Walter Franco

Para encerrar esta seleção uma das canções mais perfeitas já compostas, Coração Tranquilo (1981), de Walter Franco (1945-2019).  Autor de importantes obras como Cabeça, Me Deixe Mudo, Canalha e Respire Fundo, foi gravado por Chico Buarque, Titãs, Leila Pinheiro, Ira! e Camisa de Vênus, entre outros.

Porque tudo é uma questão de manter-se íntegro e enfrentar os obstáculos que a vida impões como e eles merecem, sempre de cabeça erguida.

Coração Tranquilo, de Walter Franco

Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo

 


Texto em português do Brasil


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