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João de Sousa

Sexta-feira, Março 28, 2025

O ressurgimento da Palestina

Para os ocupantes israelitas e a extrema-direita que os comanda, o último confronto trouxe uma grande surpresa: quando julgavam, com a ajuda dos EUA, ter lançado a última pá de cal sobre a Palestina, eis que ela ressurgiu e a resistência mostrou estar viva e mais ampla do que nunca.

Ao contrário do que certa vez predisse o velho David Ben Gurion – primeiro chefe de governo de Israel – segundo o qual os palestinos mais velhos iriam morrer e os novos esquecer – parece que nada nem ninguém foi esquecido.

Desta vez, para surpresa de todos, os palestinos que vivem em Israel – quase dois milhões em nove milhões de habitantes – apesar de terem condições muito melhores que os seus compatriotas dos territórios ocupados – levantaram-se em protesto em várias cidades entrando em confronto com os israelitas e nalguns locais da Cisjordânia chegaram mesmo a tomar o poder num clima de guerra civil.

A amarga ironia, para os israelitas que apostaram na fragmentação da Palestina, na ocupação da Cisjordânia por perto 600.000 colonos – muitos deles fanáticos religiosos vindos do mundo inteiro -, na criação do inferno em Gaza e na discriminação dos restantes no seu próprio território – uma situação que a insuspeita Human Rights Watch qualifica como apartheid e crime contra a Humanidade – a amarga ironia é que, ao eliminarem, ao longo dos anos, com a ajuda dos extremistas e terroristas palestinos, qualquer possibilidade de um Estado palestino viável, agora, longe de terem o problema resolvido, vêem-se rodeados de palestinos em pé de guerra por todos os lados.

Um Estado binacional marcado pela discriminação, populações palestinas crescentes das quais depende grande parte dos serviços em Israel e luta permanente contra a discriminação tipo apartheid que lá se pratica – pode, afinal,ser, para os sionistas e aqueles que os apoiam, bem pior do que viverem lado a lado com uma Palestina livre e independente. Quem – de um lado e do outro – tudo quer, tudo perde?

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